São Paulo, domingo, 22 de outubro de 1995
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Safra 95 vai render R$ 1,5 bilhão a menos

LUIZ ANTONIO CINTRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os agricultores vão colher neste ano uma safra que, em termos financeiros, vai render cerca de R$ 1,5 bilhão a menos do que a safra do ano passado.
Esse valor representa redução de 4,7% sobre o total colhido na última safra, que, em valores de maio de 95, rendeu aos agricultores R$ 32,5 bilhões.
A estimativa, do pesquisador do IEA (Instituto de Economia Agrícola) Alfredo Tsunechiro, entra em conflito com estudo semelhante realizado pelo professor da USP Fernando Homem de Melo.
Homem de Melo, que também é pesquisador da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), estimou recentemente que a perda de receita do setor agrícola nesta safra seria de R$ 9,6 bilhões.
Nos dois cálculos, a estimativa é feita levando em conta os 20 principais produtos cultivados no país, com base nos preços médios praticados nos primeiros cinco meses deste ano.
A principal explicação para a diferença de quase R$ 8 bilhões entre os dois cálculos é a metodologia empregada, diz o pesquisador do IEA -órgão ligado à Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento.
Nesse ponto, o maior complicador em estimativas como essa é o índice de variação de preços utilizado para atualizar os valores.
Alfredo Tsunechiro, do IEA, usou, para corrigir os preços no período analisado e deixá-los em valores reais de maio, o IGP-DI (Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna) da FGV.
Outro ponto que, segundo Tsunechiro, causa problemas é a conversão de unidades de medida.
No caso da produção de banana, exemplifica o pesquisador, enquanto o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) estima a produção em cachos, a FGV levanta os preços por dúzia.
Há ainda a possibilidade de incluir na estimativa preços praticados pelo mercado durante a entressafra, avalia o pesquisador, quando o volume negociado é pequeno.
"A dificuldade desses cálculos é que, caso todas variáveis não sejam ponderadas corretamente, podem ocorrer distorções muito grandes", diz Tsunechiro.
Para o engenheiro agrônomo André Pessoa, da MB Associados, uma queda de 4,8% na receita do setor agrícola é "perfeitamente compatível" com a quebra estimada para a safra 95/96, entre 4,6% e 9,8% com relação à deste ano.
Isso porque, com menos receita da safra deste ano, os agricultores estão menos capitalizados para investir no plantio da próxima.

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