São Paulo, domingo, 22 de outubro de 1995
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ONU 'esquece' dívida e festeja 50 anos

DANIELA FALCÃO
DE NOVA YORK

A ONU comemora na próxima terça-feira 50 anos de fundação em meio à mais séria crise financeira e de imagem de sua história.
O orçamento regular para 95 acabou em agosto e, para cobrir seus gastos, a entidade está usando dinheiro que deveria ser destinado às forças de paz.
Os próprios diplomatas da ONU admitem que a entidade precisa passar por uma reforma administrativa drástica para sobreviver.
No fim de setembro, durante a abertura da 50ª Assembléia Geral, a tônica dos discursos foi justamente a necessidade de a ONU se adequar aos novos tempos, aprendendo a ser mais eficiente e a gastar menos.
Mas a crise não é só financeira. A imagem da entidade também está abalada. Em Nova York, sede da ONU desde 1950, as opiniões sobre a entidade são controversas.
Os que defendem a ONU e sua permanência argumentam que o movimento de diplomatas e oficiais traz lucro a Nova York.
Eles se baseiam em pesquisa divulgada no ano passado, que mostra que a ONU gera 16.700 empregos diretos e cerca de US$ 3,3 milhões em receita para a cidade.
Apesar da crise, as comemorações do aniversário serão grandiosas: durante quatro dias, cerca de 180 chefes de Estado e de governo de todas as partes do mundo estarão em Nova York, com direito a jantares e almoços de gala, recepções e coquetéis.
Apenas com segurança foram gastos aproximadamente US$ 1 milhão. Segundo os organizadores, esta é a primeira vez que tantos líderes estrangeiros vêm a Nova York de uma vez só.
O comitê organizador da festa só conseguiu arrecadar US$ 10 milhões de fontes privadas para bancar as comemorações. O resto do dinheiro virá da própria ONU.
As principais ausências nas comemorações do aniversário da ONU serão a do chanceler alemão, Helmut Kohl, do presidente do Iraque, Saddam Hussein, do presidente da Líbia, Muamar Gaddafi, e do presidente da Geórgia, Eduard Chevardnadze.
Por outro lado, as visitas do presidente cubano, Fidel Castro, e do da China, Jiang Zemin, centralizam a atenção da mídia.
O Departamento de Polícia deverá prestar especial atenção aos líderes cujos países que representam têm grande quantidade de imigrantes nos EUA, para evitar protestos.

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