São Paulo, domingo, 22 de outubro de 1995
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Kohl deve reeleger governador de Berlim

Cidade-Estado renova hoje Parlamento e Executivo

SILVIA BITTENCOURT
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE BERLIM

Cerca de 2,5 milhões de alemães vão hoje às urnas eleger o próximo governador e os novos deputados de Berlim.
A conservadora União Democrata Cristã (CDU), partido do chefe do governo alemão, o chanceler Helmut Kohl, deverá sair como a grande vencedora do pleito e reeleger o governador Eberhard Diepgen, 54.
Desde 1991 capital da Alemanha reunificada, o status de Berlim pode ser comparado ao de Brasília. A capital alemã é uma espécie de Cidade-Estado. A eleição do seu Parlamento é tida como um indicador da política nacional.
Já o Partido Social Democrata (SPD), segunda maior força política do país e que décadas atrás elegeu com mais de 60% dos votos seu ex-líder Willy Brandt governador de Berlim, deverá, desta vez, amargar uma das maiores derrotas de sua história.
Pesquisas feitas nas últimas semanas indicam aumento do apoio à CDU, que deverá ter cerca de 38% dos votos. Já o SPD -com a candidata Ingrid Stahmer- despenca a cada semana, devendo obter cerca de 26% dos votos.
Apesar do alto índice de desemprego (14%) e da enorme dívida pública de Berlim, Diepgen tira proveito de ações gigantescas que vêm sendo realizadas na cidade.
Os projetos visam a transferência da sede do governo alemão, ainda em Bonn, para Berlim, o que deve acontecer em anos.
O atual governador também conta com a ajuda do chanceler Kohl, seu maior cabo eleitoral.
Enquanto os sociais-democratas vivem há meses uma crise de liderança e seu chefe, Rudolf Scharping, se torna alvo de piadas entre os políticos, a popularidade de Kohl -há 13 anos no poder- nunca esteve tão alta.
Diepgen governa atualmente apoiado por uma coligação entre democratas-cristãos e o SPD.
A CDU não deve atingir maioria absoluta no pleito de hoje, e seu aliado tradicional, o partido liberal FDP, não deve obter 5% dos votos, mínimo necessário para ingressar no Parlamento.
O objetivo dos democratas-cristãos é, assim, continuar a chamada "grande coligação com o SPD.
Devido à sua baixa votação, a única chance de os sociais-democratas elegerem Stahmer seria com o apoio dos verdes e do PDS.
Herança do único partido que governava a antiga Alemanha Oriental, o socialista PDS, porém, aparece como um fantasma que ronda a política alemã.
Em sua campanha, por exemplo, a CDU ressuscitou slogans da época da Guerra Fria, advertindo para o "perigo comunista" que representaria a união de sociais-democratas, verdes e socialistas.
Além da CDU, SPD, Verde, PDS e FDP, concorrem para o Parlamento e para as câmaras distritais de Berlim mais 19 partidos. A maioria tem alguma chance só para as câmaras distritais.
Entre eles estão os Republicanos (extrema-direita) e agrupamentos específicos, como o Partido dos Motoristas, o Partido dos Inquilinos, o Partido da Lei da Natureza e a Liga da Maconha.
Pela primeira vez na história de Berlim, 54 mil cidadãos europeus residentes na cidade e centenas de alemães sem-teto também poderão votar nas eleições de hoje.

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