São Paulo, terça-feira, 24 de outubro de 1995
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90% das presas têm bacilo da tuberculose

Hospitais penitenciários têm 320 leitos

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Ao longo dos próximos três anos, mais de 2.300 presos do sistema penitenciário paulista estarão doentes de tuberculose. Pelo menos 700 deles estarão com sintomas da Aids ou terão morrido da doença.
Os hospitais penitenciários contam hoje com apenas 320 leitos. Serão dez doentes para cada leito. "Se o Estado não investir na saúde dos presos, os presídios serão transformados em grandes hospitais", diz Manoel Schetchtmann, 62, diretor de Saúde do Sistema Penitenciário.
Um estudo deste ano feito pelo Nupaids -um núcleo de estudos da Aids da USP- revelou que 80% dos homens e 90% das mulheres presas são portadores do bacilo da tuberculose -média dez vezes maior que na população em geral. Entre os contaminados, 5% caem doentes em três anos e outros 5% nos anos seguintes.
O Estado de São Paulo tem cerca de 54 mil presos; 41 mil homens e 2.430 mulheres já estão contaminados pelo bacilo.
O bacilo ou bactéria da tuberculose é transmissível pelas vias aéreas. Em cadeias superlotadas, o ritmo do contágio e a velocidade da doença são muito maiores.
Sem tratamento, o preso transmite o bacilo quando recebe visitas ou ganha a liberdade.
"O quadro é aterrador", diz o médico Drauzio Varella, que trabalha com presos da Detenção. Segundo ele, a presença da Aids e a frequente interrupção de tratamentos vêm criando cepas de bacilos cada vez mais resistentes.
Na Detenção, cerca de 17% dos 6.300 presos têm o HIV.
Entre as mulheres do presídio do Carandiru, 28,5% são soropositivas. Na Detenção Feminina do Tatuapé, onde estão 210 presas, 45% têm o vírus da Aids.

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