São Paulo, terça-feira, 24 de outubro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

'Só Deus sabe quanto custa Faria Lima', diz secretário

VICTOR AGOSTINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O prefeito Paulo Maluf inaugurou ontem o trecho de Pinheiros (zona oeste) da avenida Faria Lima sem revelar quanto custou esta extensão. O cronograma da obra está atrasado em quatro meses.
Quando questionado, Maluf só divulgou o preço da parte de engenharia, que consumiu, no trecho de Pinheiros, cerca de R$ 5 milhões. Mas as desapropriações farão com que o preço da extensão chegue a, pelo menos, R$ 110 milhões.
Isso porque algo em torno de 50% dos 380 proprietários desapropriados para a passagem da avenida estão recorrendo do valor estipulado pela Justiça e pago pela prefeitura.
Se arbitradas com valores de mercado, somente as desapropriações da Faria Lima vão absorver R$ 100 milhões.
Por enquanto, segundo o secretário municipal de Serviços e Obras, Reynaldo de Barros, a prefeitura já desembolsou R$ 65 milhões. "Mas só Deus sabe quanto poderá custar. Depende da Justiça", disse Barros.
No final da tarde, procurado novamente pela Folha, o secretário confirmou que a obra vai custar R$ 110 milhões (leia texto ao lado).
O trecho inaugurado ontem, de 1.380 metros, liga o largo da Batata, em Pinheiros, à avenida Pedroso de Morais. Depois de concluída, a nova Faria Lima será uma alternativa à marginal Pinheiros.
Será possível sair do Brooklin (zona sul) e atingir a marginal Tietê, passando pela Vila Olímpia, Itaim e Pinheiros.
Segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), o tempo médio para que seja cumprido o percurso será diminuído em 40%. A Faria Lima vai afetar diretamente 50 mil veículos.
Maluf admitiu ontem, em seu discurso, que estava inaugurando uma obra que foi realizada "sob muito protesto", mas que "era um marco para a cidade".
Para combater a expansão da avenida, foram criados dois movimentos de moradores (Pinheiros Vivo e Vila Olímpia Viva) e a discussão sobre a conveniência de se construir a avenida esteve na pauta da Câmara Municipal por mais de dois anos.
As críticas ao projeto hoje se concentram no preço da obra. Quando anunciou que construiria a nova Faria Lima, em 93, o prefeito prometeu a avenida a custo zero para a cidade.
Para viabilizar o "custo zero", Maluf criou o Cepac (Certificado de Potencial Adicional de Construção), um título que dá direito ao proprietário construir mais do que a lei de zoneamento permite em seu terreno.
Mas o sucesso do Cepac depende do mercado imobiliário, que pode ou não querer investir na "5ª Avenida de São Paulo", como o prefeito chama a Faria Lima.
"Eu acredito que esse Cepac vai ser pago em dez ou quinze anos. Se houver uma demanda maior do mercado, será pago em cinco anos. Vai depender do mercado", afirmou o prefeito.
Maluf acredita que, "em alguns anos", a Faria Lima vai gerar cerca de 20 mil novos empregos. Ele acredita ainda que a nova avenida deverá personificar um "novo centro da cidade".
Para o prefeito, a Faria Lima, cuja extensão foi idealizada pelo arquiteto Júlio Neves, vai reunir prédios de escritórios, prédios residenciais, shopping centers, escolas, hospitais e supermercados.
A última etapa da extensão, na Vila Olímpia, deve terminar no primeiro bimestre do ano que vem.
Esse trecho, de 880 metros, sairá da Juscelino Kubitschek e chegará na avenida Hélio Pelegrino.

Texto Anterior: Peritos gravam vozes de acusados de chacina
Próximo Texto: Mulheres acompanham inaugurações de Maluf
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.