São Paulo, terça-feira, 24 de outubro de 1995
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Maluf compara Folha a censor

DA REPORTAGEM LOCAL

O prefeito Paulo Maluf comparou ontem a Folha a censores. "São piores do que os censores da Polícia Federal", afirmou.
O prefeito disse que "não entende as cobranças do jornal em relação aos resultados do Cepac" -Certificado de Potencial Adicional de Construção, títulos que financiariam a construção da avenida, mas que ainda não foram comercializados.
A Folha informou ontem, com exclusividade, que a nova avenida Faria Lima custará R$ 110 milhões.
"São Paulo é pioneira na aplicação da Constituição de 46, em que o preceito de contribuição de melhoria é pago não por quem mora a 30 km daqui, mas por quem mora aqui. Esta, no meu entender, foi a grande vitória para as cidades brasileiras, mesmo que você não queira publicar minha notícia, mesmo que você queira ser um censor. E tem mais: duvido que você publique isso que estou falando", disse.
Essa mesma declaração de Maluf, citando a Constituição de 1946, já foi publicada ontem na pág. 3 do caderno São Paulo da Folha.
O secretário de Serviços e Obras, Reynaldo de Barros, também criticou a Folha.
"Não interessa dizer quanto vai custar a obra. Põe aí: R$ 300, R$ 400, R$ 500 milhões. Tanto faz, o seu jornal vai colocar quanto quiser. Não é nada pessoal. Eu sei que você é um bom jornalista, mas o seu jornal é muito vagabundo", disse.
"Agora vocês vão começar a me encher o saco dizendo que com esse dinheiro daria para fazer 4 km de metrô. Vocês são todos loucos. Com o dinheiro que eu gastei aqui só daria para fazer uns 400 metros de metrô. Uma merda que não vai resolver nada", disse Barros.
No final da tarde, Barros confirmou que a Faria Lima vai custar R$ 110 milhões.
Sobre as críticas ao jornal, o secretário disse: "Não vá colocar aquilo que eu disse antes. Isso não é coisa de gente séria. Sabe, é que eu não gosto do jornal, do editorial. Eu parei de assinar a Folha em 1982."

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