São Paulo, quarta-feira, 25 de outubro de 1995
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Só Deus sabe

Qualquer empresário, quando pretende investir, faz um orçamento dos custos, pesa a relação custo-benefício e toma a decisão. Da mesma forma o consumidor, quando pretende adquirir um produto ou bem, procura saber o seu preço, faz uma avaliação de suas disponibilidades financeiras e de sua necessidade do produto e só então decide ou não pela compra.
O orçamento pode até estar errado e o preço final acabar revelando-se muito superior. A avaliação custo-benefício também pode mostrar-se equivocada, e a empresa pode até falir. Também no caso do consumidor ele pode acabar empenhando uma soma acima de suas possibilidades num produto que, no final, ser-lhe-á pouco útil.
Por mais desastrosos que venham a revelar-se os resultados dessas operações, pode-se dizer, no mínimo, que houve uma tentativa de cálculo racional por trás delas. O raciocínio, é óbvio, é falível. Nem por isso deve ser desprezado.
Infelizmente, a administração municipal de São Paulo não pensa assim. A declaração do secretário de Serviços e Obras da prefeitura, Reynaldo de Barros, de que só Deus sabe quanto poderá custar a extensão da avenida Faria Lima revela que o mais básico e elementar princípio que preside a decisão de qualquer investimento foi solenemente ignorado. Se a prefeitura não tem idéia do custo de suas obras, o que não dizer do benefício, que é ainda mais difícil de calcular?
Se a situação da prefeitura da maior cidade do país é essa, as coisas precisam mudar. Rapidamente.

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