São Paulo, domingo, 29 de outubro de 1995
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"Educação é a chave para competir", diz norte-americano

FERNANDO CANZIAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Nova York é o principal pólo têxtil dos EUA. Em 20 anos, o emprego no setor caiu de 250 mil vagas para menos de 100 mil em resposta à invasão dos importados.
Financiada pelo governo norte-americano, a Garment Industry Development Corporation tem como objetivo treinar e aperfeiçoar trabalhadores do setor para competir na economia globalizada.
Leia entrevista que Bruce Herman, presidente Garment Corporation, concedeu à Folha na semana passada em São Paulo, onde visitou fábricas e fez palestras em sindicatos:

Folha - Na economia global, onde o capital migra atrás de mão-de-obra barata, qual a chave para proteger as indústrias do assédio das importações?
Bruce Herman - A chave é a educação. E isso deve ser feito em conjunto entre o governo, empresas e sindicatos. Nós, em Nova York, não queremos nos mudar para a China e não queremos que a China se mude para Nova York. Por isso treinamos nossos funcionários para aumentar a competitividade e o valor agregado dos produtos. Nos dois últimos anos, aumentamos em US$ 10 milhões nossas exportações para a Europa.
Folha - Qual é a estratégia?
Herman - Há dois modelos bem sucedidos no mundo: o chinês, que usa mão de obra extremamente barata para produzir produtos de baixíssimo custo, e o italiano, que faz produtos sofisticados com salários altos. Nosso modelo é o italiano. Não queremos fazer camisetas, mas produtos de maior valor, de moda. Há mercado no mundo todo para isso.
Folha - Como são os treinamentos que vocês promovem?
Herman - Temos dúzias deles. Para os desempregados, são de oito semanas e gratuitos. Os outros cursos geralmente são à noite e duram entre 10 e 12 semanas. Os trabalhos mais intensivos são nas fábricas, durante duas ou três semanas, onde chegamos a aumentar a produtividade em até 20%.
Folha - O que achou das fábricas e treinamentos no Brasil?
Herman - As empresas daqui terão de continuar a se modernizar e a aumentar a produtividade para competir. A penetração dos importados já ficou acentuada no Brasil e não vai parar. O setor terá enormes problemas com isso. Sobre treinamento, fiz uma visita ao Senai. Achei as instalações boas e modernas. Mas é preciso que sejam encontradas maneiras de modernizar os cursos.

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