São Paulo, domingo, 29 de outubro de 1995
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a nova queridinha da América

ANA MARIA BAHIANA

Se a sociedade julga Sandra, o veredito não pode ser mais positivo: em meros três anos de carreira, a moça já se tornou uma estrela de primeira linha, comandando cachês da ordem de US$ 5 milhões por filme.
Mais do que isso: ela já fundou a sua própria produtora, a 830 Productions. Também fechou um contrato de desenvolvimento, produção e distribuição com a Caravan Films, um dos selos do megaimpério Disney.
"Não é um projeto de vaidade", diz. "Não vou ficar só procurando filmes para que eu possa atuar. Desde menina, gosto de produzir e dirigir. Minha mãe ainda tem guardados os curtas que eu fazia no quintal lá de casa, com minha irmã, meus primos, meus amigos".
"E eu sempre tive reações desse tipo vendo filmes: por que o filme acabou desse jeito, por que esse personagem não foi melhor aproveitado... Estava cansada de me sentir frustrada, eu sei que posso executar bem uma história, e gosto de trabalhar com pessoas que são tão apaixonadas pelo que fazem quanto eu."

Extra em ópera
Apaixonada e determinada. Sandra Bullock teve uma infância itinerante entre Europa e Estados Unidos, ao sabor das carreiras dos pais (ela, cantora lírica; ele, preparador vocal e professor de canto). A moça se formou em arte dramática pela Universidade de East Carolina, depois de pegar o gosto pela carreira atuando como extra nas óperas de sua mãe.
Dois meses depois da formatura, já estava tentando a sorte em Nova York: atuava em peças de teatro off-off Broadway e em comerciais. Para garantir a sobrevivência, Sandra trabalhava como faxineira, garçonete, barman.

"Cabeçuda"
"Numa coisa eu concordo com minha mãe", ela diz, sorrindo. "Sou teimosa. Sou cabeçuda mesmo. Creio que isso, combinado com essa atração pelo palco que minha família tem, foi o que me sustentou. Além de uma noção muito clara do que é certo ou errado, e do valor do trabalho honesto e sincero, que também herdei de meus pais."
Em 1989, armada de um único recorte de jornal com uma crítica elogiosa ao seu trabalho em uma peça off-off-Broadway, Sandra se mudou para Los Angeles, levando a irmã a tiracolo.

Moça de futuro
Em semanas, conseguiu um agente -o que é crucial em Hollywood- e um trabalho num filminho independente. Um ano depois, estava na televisão, na série baseada no filme "Uma Secretária de Futuro". A série durou pouco, mas levou Sandra a pontas em outros programas de TV, e ao filme "Love Potion 9".
Em março de 93, afinal, a grande chance: o esquentadíssimo produtor Joel Silver despede a atriz Lori Petty, uma semana depois de iniciadas as filmagens de "Demolition Man".
Sandra Bullock é a substituta -e encanta a todos no set com sua simpatia e profissionalismo, decorando suas falas e compondo sua personagem em circunstâncias dificílimas, já com o filme em andamento. "Sandra foi uma das atrizes mais sérias com quem já trabalhei", Silvester Stallone me disse, na época. "Poucas aceitariam uma substituição de última hora e teriam o desempenho que ela teve. Ela levantou a moral da produção." (Para expressar sua gratidão, Stallone costumava entrar no set de filmagem carregando Sandra nos seus vastos ombros.)

Disparada máxima
O trabalho em "O Demolidor" a levou à "Velocidade Máxima". E daí Sandra disparou para a glória, impulsionada por seu charme, talento e pela fome insaciável de Hollywood por novas caras, novas estrelas.
Ela tem muito a seu favor: é simples, não faz pose, tem bom senso e sabe onde quer chegar. É inteligente e tem as ambições certas: o investimento na produtora mostra isso claramente. E mais: não faz cenas. Não chega atrasada. Não se mete em escândalos. Está sempre de bom humor. É naturalmente alto-astral.

Apimentada
Essas são qualidades raras e preciosas em Hollywood. E, todas elas, transparentes ao olho da câmera, que adora o rosto moreno e apimentado de Sandra Bullock, a sinceridade que ela transmite para a platéia - e que garante aqueles números gordos na boca do caixa, que Hollywood tanto preza.
Sandra é educada, esperta e não se mete em confrontações: "Respeito todo mundo que trabalhou duro para chegar onde chegou, porque sei como é difícil", diz.
Mas as estrelonas que se cuidem: este ano, ela já entrou no lugar de uma delas, a custosa Demi Moore, na comédia romântica "Enquanto Você Dormia" (em cartaz no Brasil). E fez o maior sucesso.
"Não acredito em destino, não sou supersticiosa, mas acredito em karma", Sandra concede. "Aquilo que você fez de ruim no passado volta para dar bofetadas na tua cara. Isso é simples e básico. E é assim que eu levo a minha vida."

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