São Paulo, domingo, 29 de outubro de 1995
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Atores recebem cenas em código para gravar

GILBERTO DE ABREU
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Pode-se dizer que o autor de “A Próxima Vítima”, Silvio de Abreu, e o diretor Jorge Fernando pensam com o mesmo cérebro.
Somente eles conseguem decifrar os códigos apresentados em cada roteiro de gravação, a fim de dificultar o conhecimento do assassino.
“Tenho um horóscopo chinês para o horóscopo chinês”, brinca o autor.
Entre as táticas já utilizadas pela dupla até então, destacam-se cenas em que não se sabe o tempo real em que se desenvolve a ação gravada num dia. O ator pode estar interpretando algo referente ao passado, presente ou futuro de seu personagem.
Os números se combinam como em uma equação matemática. Só que ninguém do elenco ou da produção é capaz de descobrir se o resultado correto depende da soma, subtração, multiplicação ou divisão dos fatores.
O elenco grava e as cenas não vão ao ar. O que poderia ser uma pista para o caso do assassino é mais um blefe de Silvio de Abreu. Há casos em que a cena é retirada sem que o ator tenha que gravá-la.
Adendos de última hora são bastante comuns. O autor prefere não utilizar este artifício, pois reconhece que atrapalha o trabalho da produção, que tem de cuidar de cenários, iluminação e figurinos, entre outros.
Cada ator, diferentemente do que acontecia no início das gravações, só tem acesso a pequenos trechos da novela.
Isso pode funcionar como patrulhamento, uma vez que se torna mais fácil descobrir quem do elenco anda falando demais sobre as tramas.
Uma cena pode parecer importante, se analisada na ordem em que aparece no roteiro da gravação. Ninguém pode garantir, no entanto, que ela irá ao ar juntamente com as demais. Pode pertencer a um capítulo diferente.
As locações -em estúdio ou externa- são definidas na manhã da gravação. Artifício predileto para driblar curiosos em geral.
Alguns nomes não são citados nas falas dos personagens. O ator só os conhece na hora do “gravando”. É o que vai acontecer com as cenas em que Paulo Betti desvendará os assassinatos.
“Cuidamos de tudo, desde a escalação do elenco e construção das tramas, até a forma de conduzir a equipe. Fomos muito críticos e criteriosos. Quando vimos que a minha participação como ator não daria certo, a descartamos”, lembra Jorge Fernando.

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