São Paulo, domingo, 29 de outubro de 1995
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Novela discutiu de preconceito racial a homossexualismo

GILBERTO DE ABREU
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O autor Silvio de Abreu procurou discutir questões polêmicas em “A Próxima Vítima”, como homossexualismo e racismo. A seguir, trechos de entrevista à Folha.

Folha: “A Próxima Vítima” contribuiu para mudança de comportamento?
Silvio de Abreu: Planejamos cada discussão levantada, desde preconceito racial até sexo. Embora acredite que nenhuma novela mude a cabeça de ninguém, sei que “A Próxima Vítima” ajudou a mostrar questões importantes. Recebemos muitas cartas de telespectadores no decorrer do trabalho, repercutindo temas levantados durante a novela.
Folha: Ao tratar de homossexualismo, como não levantar bandeiras?
Silvio: Não sou homossexual, nem condeno quem o é. As pessoas têm de ser respeitadas. Ninguém pode ser culpado por isso, só porque Deus criou o homem e a mulher, que procriam.
Folha: Está satisfeito com o desempenho de Jefferson e Sandro?
Silvio: Escalamos muito bem os atores. Testamos mais de 50 candidatos até chegarmos a André Gonçalves e Lui Mendes. Queríamos homens sem maneirismos, másculos e que não fossem caricaturas.
Folha: Todos os personagens da novela possuem características boas e ruins. É algo premeditado?
Silvio: Eu não queria moldar personagens só bons ou ruins. Queria que mostrasse suas bondades e maldades. O Juca é bonzinho, mas não aceita criar um filho gay. O Marcelo é egoísta, mas é bom pai.
Folha: Foi difícil manter o suspense até o fim?
Silvio: Desisti de esconder tudo de todos. Ficaria maluco se continuasse escrevendo as cenas de véspera. Novela é feita com antecedência. Manter o suspense de modo coerente, sem ter que modificar a trama a cada nova descoberta, é difícil.
(GA)

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