São Paulo, segunda-feira, 30 de outubro de 1995 |
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As missões do professor e do tradutor de espanhol
MARIO GARCÍA-GUILLÉN A profissão do professor de espanhol, ao igual que a do tradutor, não escapa da moda. E agora a nossa língua (espanhol ou castelhano) está em plena moda.Como consequência, lançaram-se no mercado um bom número de cursos, métodos e novas escolas, habilitando aficionados no ensino da língua, além dos tradicionais professores já existentes, poucos, na verdade, se se leva em conta a grande quantia de "mão-de-obra" requerida com a oficialização do ensino do espanhol em escolas municipais. Essa situação criou um verdadeiro estado de guerra entre os profissionais e os amadores na área. As escolas de ensino de línguas vêm dando preferência a pessoas de nacionalidade daqueles países que têm o espanhol (ou castelhano) como língua materna e mantêm os seus cursos com pouca atenção à titulação. É urgente definir, diante desse panorama, a função do professor ou, melhor ainda, sua missão. Existem diferentes tendências pedagógicas. Para alguns, o professor tem que ser um expert em sua matéria; seria suficiente que soubesse transmitir ao aluno o entusiasmo pelo que está aprendendo, para outros. Ante a realidade atual poderia-se fazer o seguinte resumo sintetizado: 1 - Existe uma forte demanda de profissionais de espanhol. 2 - As escolas de espanhol triplicaram em São Paulo, mesmo sem métodos nem professores adequados. 3 - A língua requerida pela clientela é "um espanhol" que tem como objetivo o "Mercosul". 4 - Boa parte dos contratados para o ensino da língua não são professores, nem mestres, nem possuem licenciatura alguma. Porém são de nacionalidade argentina, chilena, espanhola, etc.. 5 - A integração do Brasil com seus vizinhos hispânicos parece irreversível. Tudo isso nos faz refletir sobre a qualidade do professorado e sua missão. Como dizia o filósofo espanhol Ortega y Gasset, "não existe nação grande se sua escola não é boa". É missão do professor saber eleger o método a ser empregado face à realidade de propósitos. Se tudo muda, o método deve mudar também. O método deve ser aberto de acordo com as necessidades do aluno. Em relação às dificuldades da tradução, o problema é também de renovação. Muitas coisas mudaram. As traduções têm que mudar. As traduções feitas cem anos atrás não servem mais. Tudo deve ser retraduzido à nova realidade. A tarefa que os tradutores têm pela frente é grande. Tanto no sentido da tradução do espanhol ao português ou ao contrário. O bilinguismo deve constituir uma riqueza e não o contrário. Texto Anterior: Aflições de um trompetista Próximo Texto: Futuro da megacidade é tema de três eventos Índice |
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