São Paulo, domingo, 5 de novembro de 1995
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"Volto um leão", anuncia Sérgio Motta

GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

"Volto um leão, me sinto como se tivesse 17 anos." Com essa declaração, o ministro das Comunicações, Sérgio Motta, 54, resumiu a disposição com que retorna oficialmente ao governo, na segunda, 49 dias depois do infarto.
A agenda que preparou antes mesmo de assumir seu posto mostra seu apetite de ocupar novamente espaço no cenário político de Brasília e fazer o que mais gosta -articulação política.
Hoje ele se encontra, às 16h, com o presidente Fernando Henrique Cardoso. Os assessores de FHC não descartam a hipótese de Motta repetir o que fez quando o presidente o visitou em setembro, no hospital, em São Paulo.
Na ocasião, FHC estava preparado para encontrar Motta convalescendo da cirurgia no coração. O ministro retirou do bolso uma lista com assuntos de governo e começou a despachar com o presidente.
A lista de preocupações de Motta, dessa vez, tem pelos menos cinco itens -reeleição do presidente, nomeações para as presidências das companhias telefônicas estaduais e dos Correios, regulamentação das telecomunicações e reformas.
Na verdade, ele nunca se desligou dos temas que interessam ao governo. Na última sexta-feira, por exemplo, recebeu 71 telefonemas em sua casa em São Paulo. A maioria era ligação de políticos. Até as 20h, havia retornado cerca de 30 deles.
Durante sua operosa convalescença, ligou para o presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), e para o líder do governo, Luiz Carlos Santos (PMDB-SP), dando sugestões sobre como agilizar as votações das reformas.
Também trocou telefonemas com o deputado Mendonça Filho (PFL-BA), autor da emenda que permite a reeleição do presidente da República.
Motta encabeça as negociações com o Congresso para apressar a tramitação da emenda -ele tem em mãos uma pesquisa mostrando que a maioria dos parlamentares apóia o projeto.
Apesar de não ter se desligado durante seu retiro, a partir de amanhã, o ministro voltará a fazer pessoalmente as articulações políticas. Na segunda-feira, se reunirá com Luís Eduardo, que assumirá interinamente a Presidência.
Motta quer ainda viajar ao Rio para assistir à posse de Luiz Carlos Mendonça de Barros na presidência do BNDES.
Na terça-feira, cumprirá uma maratona no Congresso. Promete visitar o presidente da Casa, senador José Sarney (PMDB-AP), e todos os líderes dos partidos governistas -PSDB, PFL, PMDB, PTB, PPB e PL.
Cargos
Motta terá de resolver ainda um outro assunto que atiça apetites, desta vez dos parlamentares. O ministro não indicou presidentes e diretores de oito companhias telefônicas estaduais.
Os políticos do Pará, Maranhão, Amapá, Rondônia, Piauí, Alagoas, Mato Grosso e Acre disputam as nomeações nas teles desde o primeiro semestre.
Motta terá ainda de reorganizar a ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos). Desde que Henrique Hargreaves deixou a presidência da estatal, os Correios estão sendo tocados pelo vice, Egydio Bianchi.

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