São Paulo, terça-feira, 7 de novembro de 1995
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Bolsas e títulos da dívida externa recuam

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os títulos da dívida externa brasileira fecharam o dia em baixa. Como as Bolsas de Valores -queda de 1,55%, em São Paulo, e de 1,1%, no Rio.
O IDU, título que quase inteiramente será pago pelo governo Fernando Henrique Cardoso, abriu o dia em US$ 0,8550. E fechou em US$ 0,8525. No c-Bond, título de 30 anos, a queda chegou a ser de um ponto.
Não foram só os títulos brasileiros que caíram. Foram os títulos latino-americanos. As Bolsas da Argentina e do México também passaram o dia em queda.
Entre os investidores estrangeiros existe um desconforto com a região. Na Argentina, o mercado está apreensivo com a divulgação, esperada para hoje, do índice de desemprego. Se for muito alto, deve contaminar as cotações.
Os investidores brasileiros em Bolsa estão procurando se antecipar ao movimento dos estrangeiros e assustados com ele. Segundo dados da Bolsa paulista, em outubro, os estrangeiros compraram R$ 1,6 bilhão e venderam R$ 1,87 bilhão. A saída foi de R$ 257,9 milhões -a maior parte para cumprir normas do BC. Os estrangeiros atingiram o percentual recorde no ano de 32,5% do mercado.
Câmbio e juros tiveram um dia parado. O mercado continua esperando que o BC mude a minibanda de flutuação do dólar. Alguns operadores apostam que o câmbio vai variar 0,8% todo mês. Mas o BC ainda não se mexeu.
No caso dos juros, as taxas oscilaram muito no over-Selic (títulos públicos). O BC deixou a taxa-over bater em 4,32% para intervir no mercado. Depois que vendeu dinheiro, a liquidez excessiva empurrou os juros para baixo.
Na realidade, o mercado está extremamente cauteloso -e isso se reflete em todos os segmentos. A maneira pouco ortodoxa como o governo divulgou, na madrugada de sábado, as normas para incentivar as fusões e aquisições bancárias deixou operadores e analistas com a pulga atrás da orelha e travou os negócios.
Os analistas continuam querendo saber como é que o governo resolverá duas questões-chave para 1996: a reforma fiscal e o custo exorbitante da dívida interna. Não há, neste caso, luz no fim do túnel.

Taxa oscila no over
O juro do over oscilou entre 4,04% e 4,32%. O BC vendeu dinheiro cobrando 4,35%. Na média, a taxa ficou em 4,24%, projetando um rendimento de 2,85%. No CDI, a taxa efetiva para o mês é de 2,83%. Cadernetas que vencem hoje rendem 1,8975%. O CDB prefixado pagou 2,92%.
BC compra dólar
O dólar comercial (exportações e importações) foi negociado a R$ 0,9610 para compra e a R$ 0,9611 para venda. O BC interveio, comprando dólar a R$ 0,961. O paraleo foi negociado a R$ 0,955 (compra) e a R$ 0,960 (venda). No mercado futuro, espera-se desvalorização do real de 0,8% ao mês.
Cai título da dívida
A Bolsa de Valores de São Paulo fechou em baixa de 1,55%, com 40.943 pontos. O volume negociado foi de R$ 114,556 milhões. A Bolsa do Rio caiu 1,1%. Os títulos da dívida também fecharam em baixa. O IDU fechou cotado a US$ 0,8525. O c-bond, título mais longo, chegou a cair um ponto.
Bolsa argentina recua
As Bolsas da Argentina e do México fecharam em baixa ontem. Até as 18h10 (horário do Brasil), a Bolsa mexicana estava caindo 1,3%. O índice Merval, da Bolsa argentina, fechou com queda de 1,6%. O mercado está apreensivo com o índice de desemprego, que será divulgado hoje.

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