São Paulo, sábado, 11 de novembro de 1995
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EUA não socorrem fusões

DA REPORTAGEM LOCAL; COM CORRESPONDENTES

Fusões de bancos estão ocorrendo constantemente no mundo inteiro. O grau de participação dos governos nesses processos varia de país para país.
Atualmente, a onda de fusões de bancos nos Estados Unidos não conta com nenhum tostão federal, disse à Folha, por telefone, o vice-presidente sênior do Federal Reserve Board (banco central americano), Marvin Goodfriend.
"Antes os bancos podiam operar apenas em um Estado. Agora, com o fim dessa limitação, eles estão se unindo para atuar de forma nacional", afirmou.
Os EUA não têm nenhuma política formal de apoio às fusões bancárias, mas estimulam as vendas de bancos quebrados com mecanismos de capitalização e de absorção de empréstimos podres com recursos do FDIC (corporação federal de seguro de depósitos).
No Reino Unido, não há incentivos fiscais, financiamentos oficiais ou uso de dinheiro público no processo de fusões e incorporações de bancos privados.
As fusões necessitam, porém, da aprovação dos acionistas, do Banco da Inglaterra (o banco central britânico) e da MMC (Mergers and Monopolies Commission).
O Banco da Inglaterra e a MMC têm o poder de vetar caso haja o risco das fusões e incorporações propostas transformar o mercado em monopólio ou oligopólio em prejuízo do consumidor.
Na Argentina, o BC concedeu uma série de vantagens para os bancos que se propuseram a absorver outras instituições falidas.
Cada caso foi negociado à parte com o BC. No início do ano, o governo argentino decidiu criar o Fundo Fiduciário destinado a socorrer instituições em dificuldades e a proporcionar as fusões.
Esse fundo foi constituído por 2,6% do total de depósitos de todos os bancos. Mais tarde, foi engordado com a soma de US$ 2 bilhões, provenientes da colocação no mercado dos Bônus Argentina.
Também foram abrandadas as exigências de capital mínimo para a absorção de outro banco, de depósito de compulsório ou de retenções sobre os empréstimos.
As fusões entre bancos na França são reguladas pela lei que estipula as regras de compra e venda no mercado mobiliário nas bolsas de valores francesas -uma lei de 1989 regula as ofertas públicas de compra. Nenhuma intervenção estatal pode ocorrer nas transações entre sociedades privadas.
No entanto, como até o começo dos anos 90 a maioria dos grandes bancos franceses era de propriedade estatal, há forte intervenção política nas grandes fusões.
No México, não há nenhum estimulo fiscal institucionalizado para a fusão de bancos, porém o governo apóia tais operações.
Para ver concretizada a fusão do banco espanhol Bilbao Vizcaya com o mexicano Mercantil Probursa, o governo comprou US$ 780 milhões em títulos do Probursa.
Com a operação, o Probursa viu seu volume de créditos em liquidação cair pela metade e sua recapitalização permitiu que o Bilbao Vizcaya comprasse 70% de suas ações, por US$ 350 milhões.
Outros bancos mexicanos que recorreram a fusões este ano, como o Bital, também receberam injeção de capitais do governo, para que suas ações não fossem adquiridas a preços muito baixos.

Colaboraram os correspondentes

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