São Paulo, sábado, 11 de novembro de 1995 |
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Jaula de cobaias Atualmente, a Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS), órgão responsável pelo registro de medicamentos, cobra R$ 900 para conceder licença para que laboratórios comercializem novas drogas. Nos EUA, o FDA (o congênere da SNVS) cobra US$ 208 mil para examinar um novo produto. Na Europa o custo médio é de US$ 160 mil. E essa diferença transforma os brasileiros em cobaias dos laboratórios. Como reconhece o próprio secretário da SNVS, Elisaldo Carlini, "o baixo preço faz com que sejamos invadidos por um verdadeiro lixo terapêutico". A SNVS planeja elevar a taxa de R$ 900 para R$ 10 mil. Ainda parece pouco. A facilidade de registrar uma droga que conte com a crendice popular é receita para lucros fabulosos à custa da saúde pública. É o caso, por exemplo, da melatonina, que de repente tornou-se uma panacéia, curando desde distúrbios do sono até impotência, passando pelo rejuvenescimento. Inexplicavelmente aprovada nos EUA pelo FDA a título de complemento alimentar -fato duramente criticado por pesquisadores-, a melatonina é proibida no Brasil desde 85, mas vinha sendo importada em massa. A melatonina de fato parece estar associada ao ciclo do sono, mas ainda não existem estudos conclusivos sobre sua atuação e ela pode ser carcinogênica, além de provocar arritmia cardíaca e convulsões. Todas as atitudes que visem a impedir que o Brasil se torne uma imensa gaiola de cobaias devem ser tomadas. Só nos últimos três meses foram requeridas solicitações de registro de 7.000 medicamentos. A ciência por certo avança, mas não tão rápido assim. Texto Anterior: Velhos maus hábitos Próximo Texto: Ventos fortes Índice |
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