São Paulo, domingo, 12 de novembro de 1995
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Empresa nos EUA usa teste para contratar

GILBERTO DIMENSTEIN
DE NOVA YORK

Última moda da psicologia americana, o teste de inteligência emocional começa a ser introduzido pelos especialistas em recursos humanos nas empresas dos Estados Unidos.
Criado há 50 anos, o tradicional QI (Quociente de Inteligência) tem um novo competidor para medir as possibilidades de sucesso profissional.
"Quanto maior a inteligência emocional, melhor o empregado", sustenta o psicólogo Daniel Goleman, formado na Universidade de Harvard e articulista do "The New York Times", um dos figurantes da lista de best-seller com seu livro intitulado "Inteligência Emocional".
Numa sociedade competitiva como a americana, o IE obteve, rapidamente, o interesse das empresas, que buscam aumentar sua produtividade.
Vários psicólogos mostraram que o crescimento profissional não é um atributo de empregados essencialmente inteligentes -mas, em especial, dos que conseguem liderar, estimular subalternos, ter um bom relacionamento.
"O ideal é que se juntem inteligência emocional e racional, aí é que está a chave do sucesso", acredita Goleman.
Uma empresa de seguros de vida e de saúde dos Estados Unidos, a Metropolitan Life, percebeu que metade dos funcionários que contratava por ano não conseguia se adaptar -alguns pediam demissão, outros eram demitidos. Uma das explicações era de que a função lida com temas depressivos.
A empresa perdia, assim, o dinheiro investido no treinamento de cada profissional. Passou, então, a dar preferência a funcionários com maior inteligência emocional -ou seja, gente com mais otimismo para enfrentar adversidades.
O psicólogo da Universidade da Pennsylvania Martin Seligman analisou empregados que se mantiveram mais tempo no emprego de uma empresa de seguros -a maioria dos que ficaram demonstraram um temperamento mais otimista e, assim, conseguiam relaxar mesmo depois de uma semana tensa.
O conceito não se aplica apenas ao trabalho. Mas a qualquer tipo de relação. Por isso, na visão dos adeptos da inteligência emocional, alguém equilibrado tem mais condições de não apenas prosperar no emprego, mas enfrentar com menos traumas as crises do casamento.
Mas há críticas a esse modismo na psicologia americana. Argumenta-se que para determinadas funções um empregado demasiadamente otimista tende a relevar problemas -e, assim, não os enfrentaria com o devido realismo.

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