São Paulo, domingo, 12 de novembro de 1995 |
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Empresas tratam minoritários com descaso
MILTON GAMEZ
Os pequenos sócios são geralmente tratados como investidores de segunda classe, devido a uma distorção na estrutura de capital das companhias abertas. Como elas podem ter 33% do capital em ações ordinárias (com direito a voto) e 66% em preferenciais (com preferência no pagamento de dividendos), um empresário pode controlar uma empresa com apenas 17% de seu capital (51% das ordinárias). Isso estimula a falta de profissionalismo no trato com os minoritários, que não têm poder de influir no destino das companhias apesar de serem chamados a financiá-las nas Bolsas. "Se os empresários arriscassem de fato o controle das empresas colocando mais ações ordinárias nas Bolsas, elas seriam melhor administradas e muito mais eficientes. O mercado cresceria muito mais", analisa Rubens Marçal, diretor da Lafis. No Brasil, segundo ele, 90% dos negócios são feitos com ações preferenciais. Nos Estados Unidos e na Inglaterra, o percentual das ações ordinárias é de 100%. O descaso com os acionistas minoritários é tanto que recentemente a Comissão de Valores Mobiliários divulgou lista de 156 empresas que não informavam o público havia mais de seis meses. É preciso reformar a legislação, defende o ex-presidente da CVM, Roberto Teixeira da Costa. "Não se pode querer que se crie um capitalismo com mais investidores sem que se dê a eles benefícios econômicos ou decisórios. É crucial que a ação preferencial faça jus ao seu nome", afirma. Teixeira da Costa critica a decisão do governo de podar direitos dos acionistas minoritários dos bancos nos casos das fusões incentivadas pela União. "Foi um péssimo precedente, mesmo que necessário." (MG) Texto Anterior: Bolsas fazem muito barulho por nada Próximo Texto: Globalização tira o sono de operadores Índice |
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