São Paulo, domingo, 12 de novembro de 1995 |
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Fundos de pensão têm US$ 18 bi em ações
SILVANA QUAGLIO
Até agosto, o total de ativos dessas entidades somava US$ 56,84 bilhões, dos quais US$ 17,93 bilhões estavam aplicados em ações (31,5%). Em 94, os fundos investiram US$ 21,5 bilhões em ações, o que significava mais de 39% de seus ativos. Os fundos fechados são formados por empresas que resolvem patrocinar ou co-patrocinar uma complementação de renda aos seus funcionários na inatividade. Nos EUA, os fundos somam um patrimônio de mais de US$ 4 trilhões, movimentando o equivalente a cerca de 60% do PIB norte-americano. No Brasil, economistas e especialistas em questões previdenciárias defendem que a saída para consolidar a estabilização e entabular uma era de crescimento econômico é o estímulo do governo à previdência privada complementar, principal geradora de poupança interna. O economista Paulo Rabello de Castro, da RC Consultores, prevê que os fundos (fechados e abertos) possam gerar poupança equivalente a 25% do PIB no ano 2010, se o governo fizer mudança profunda no atual sistema previdenciário. O número de participantes cresceria dos atuais 3 milhões para algo acima dos 30 milhões. No momento, segundo cálculos da Abrapp (Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Privada), o potencial do mercado é de oito milhões de participantes. São trabalhadores com carteira assinada que ganham mais de sete salários mínimos por mês (R$ 700,00). Os fundos de pensão com maior patrimônio ainda são os das empresas estatais. O maior deles é o Previ patrocinado pelo Banco do Brasil aos seus funcionários, com um patrimônio de US$ 14,47 bilhões. Em julho, as entidades ligadas à empresas públicas respondiam por 81,24% dos ativos, enquanto as privadas ficavam com 18,66%. A relação se inverte quando se fala em número de patrocinadoras. Aí as privadas concentram 80,42% do total (1.240 empresas brasileiras ou multinacionais), enquanto 19,58% são públicas (302 estatais federais, estaduais ou municipais). Outro grupo é formado pelas entidades abertas de previdência privada. As principais são administradas por instituições financeiras e se destinam a indivíduos que não têm um fundo patrocinado pelo empregador, a profissionais autônomos, ou mesmo a empresas que preferem não administrar um fundo próprio. O patrimônio das abertas é bem inferior ao das fechadas -cerca de R$ 4 bilhões- e essas entidades concentram uma fatia bem menor de seus investimentos no mercado de ações. Até julho, eram R$ 131,66 milhões (4,75% do total). Entidades abertas ou fechadas podem aplicar atualmente até 50% dos seus ativos em ações, mas não poderão concentrar mais de 4% em ações de uma mesma empresa. Mas, em vez de adquirir participações minoritárias, os fundos fechados estão preferindo comprar o controle acionário de algumas empresas (um exemplo é a Perdigão). Para isso, eles formam um pool de vários fundos. Como o mercado de ações no Brasil ainda é incipiente e instável, carregar os investimentos nesses papéis pode ser perigoso. A Prever -fundo aberto administrado pelo Unibanco, Bamerindus e Nacional- amargou prejuízo de R$ 6 milhões no primeiro semestre, muito em função do desempenho negativo das Bolsas. Segundo Osmar Florio Otero, diretor-executivo da Prever, a perda já foi praticamente revertida, mas custou à entidade uma reformulação de sua carteira de investimentos, que preferiu os mais conservadores CDBs (Certificados de Depósitos Bancários) às ações. Texto Anterior: Globalização tira o sono de operadores Próximo Texto: Nem tudo são rosas Índice |
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