São Paulo, domingo, 12 de novembro de 1995
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Ig Nobel

O Mais! de hoje traz os ganhadores do prêmio Ig Nobel de 95 por pesquisas "que não podem ou não devem ser reproduzidas". Esse anti-Nobel é entregue por acadêmicos norte-americanos a pesquisadores muitas vezes sérios e com trabalhos publicados por revistas igualmente sérias, mas com resultados ou títulos completamente despropositados ou infelizes. Empresas que lancem produtos exóticos ou grupos ou pessoas que cometam trapalhadas também concorrem.
Este ano, os vencedores do Ig Nobel de Saúde Pública foram as nórdicas Martha Kold Bakkevig e Ruth Nielsen pelo estudo "Impacto da Roupa de Baixo Molhada nas Respostas Termorregulatórias e no Conforto Térmico no Frio".
Em Medicina venceu um grupo de pesquisadores que publicou no "International Journal of Neuroscience" o estudo "Os Efeitos da Respiração Unilateral Forçada por Narina na Cognição".
Pesquisadores da Universidade Keio (Japão) levam o troféu de Psicologia por terem ensinado pombos a distinguir pinturas de Picasso das de Monet. Robert Beaumont, de Minnesota (EUA), é o indicado para Odontologia pelo estudo "Preferência do Paciente por Fio Dental com Cera ou sem Cera".
Uma empresa de Atlanta ganhou na categoria Nutrição por vender o café Luak, que, além de ser o mais caro do mundo, é feito com grãos ingeridos e depois excretados por um felino da Indonésia.
O prêmio já é distribuído há cinco anos. Em 94, outras pérolas: Física foi para a Agência Meteorológica Japonesa pelos sete anos de pesquisa acerca da possibilidade de terremotos serem causados pelo rebolar das caudas dos peixes; Medicina ficou com médicos da Universidade de Arizona que, a pedido do paciente, trataram picada de cascavel aplicando choques elétricos nos lábios do paciente, que resistiu ao "tratamento" por cinco minutos.
Mais do que uma mera coleção do besteirol científico -e quem já não cometeu uma ou outra besteira?-, o Ig Nobel tem valor à medida que mostra que os cientistas -pelo menos os que premiam- não estão encastelados em suas torres de marfim, mas são pessoas comuns, com senso de humor. E a capacidade de rir é um dos traços distintivos entre homens e animais. Curiosamente, a capacidade de fazer ciência é outro desses traços.

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