São Paulo, domingo, 12 de novembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

O inimigo interno

A realidade exposta pelo trágico assassinato de Yitzhak Rabin parece desautorizar, por enquanto, excessos de otimismo quanto aos rumos da pacificação do Oriente Médio. Ficou mais claro o engano de acreditar que somente os povos árabes estariam hoje às voltas com o problema do terrorismo. A cômoda suposição -difundida logo após o assassinato- de que Rabin fora vítima de um "atirador solitário" acabou sendo abalada pela prisão de outros ativistas radicais de direita nos últimos dias, criando fortes indícios de que a responsabilidade pelo atentado não deverá ser estritamente individual. Alguns extremistas chegam a ponto de advertir para a breve perpetração de novos crimes políticos. Torna-se assim mais premente a necessidade de Israel lidar com a ameaça do terror em suas próprias fronteiras.
Além disso, embora não pareçam representar muito em termos quantitativos, os 30 mil colonos judeus nos territórios ocupados já deram mostras de seu elevado potencial explosivo. Nada permite crer que sua retirada será pacífica.
Por fim, metade da população do Estado de Israel é hoje composta por judeus oriundos de países árabes, sensíveis às candentes motivações religiosas e históricas para a radicalização do conflito. Em geral, os judeus de origem européia tendem a dar maior importância à prática de concessões na negociação com os palestinos.
Depois da fatalidade que vitimou o premiê israelense, o mundo passou a ver também com mais clareza os inimigos internos de Israel.

Texto Anterior: Ig Nobel
Próximo Texto: Remendos em vez de reformas
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.