São Paulo, sexta-feira, 17 de novembro de 1995
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'Políticos só agem sob pressão', diz d. Paulo

DA REPORTAGEM LOCAL

Logo depois de visitar Diolinda Alves de Souza na penitenciária, o cardeal-arcebispo de São Paulo, d. Paulo Evaristo Arns, classificou a reforma agrária como o principal problema do país e disse que só a partir da pressão popular as autoridades se dedicarão ao assunto.
"Nossos políticos só agem sob pressão", disse. A seguir os principais trechos da entrevista.

Pergunta - Como o sr....
D. Paulo Evaristo Arns - Em primeiro lugar, eu gostaria de agradecer o interesse não só pelos presos, mas também pela causa por qual eles foram presos, a reforma agrária no Brasil.
Essa reforma nós a julgamos imprescindível e a julgamos também como questão de justiça social. Nós sempre teremos essa pergunta: por que demorou tanto tempo a reforma agrária? É porque as autoridades não a decretaram e o povo não fez a pressão necessária.
Presenciamos uma situação injusta (as prisões), porque estavam negociando com o governo. Prender aquele com quem se conversa é realmente incompreensível.
Pergunta - Como o sr. avalia a demora da Justiça?
D. Paulo - Antes da demora eu me espantei com a própria prisão.
Se não resolvermos esse problema, os demais ficarão sempre mais insolúveis. A prisão significou para eles um grande sofrimento. Para o Brasil, significou uma conscientização de um problema que se arrasta há 500 anos.
Pergunta - Durante a prisão algumas pessoas questionaram a omissão do governo...
D. Paulo - Não se pode avaliar nesse momento porque o governador (Covas) declarou que não pode interferir no Judiciário.

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