São Paulo, sábado, 18 de novembro de 1995
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BC intervém no over e mantém juro alto

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O BC (Banco Central) interveio por três vezes ontem no over. Em todas vendeu dinheiro, cobrando taxa-over de 4,35%, 4,36% e 4,37%, respectivamente.
O recado: não se mexe (para baixo) nos juros, por enquanto. O mercado entendeu. As projeções no mercado futuro voltaram a subir, especialmente para dezembro.
O governo continua cauteloso no manejo das taxas de juros, que cumpre duas funções básicas: atrair o investidor estrangeiro e manter a economia desaquecida.
Não há mágica. Sem o esperado ajuste fiscal, para manter a âncora cambial (o real valendo mais que o dólar) intacta, o juro fica na lua e a economia travada. É uma espécie de equilíbrio na miséria.
Obviamente, essa situação não é sustentável ao longo do tempo -não há país que resista a um juro desse tamanho. Logo, o mercado começa a ficar dividido quando discute o cenário de 1996.
Para alguns, o governo vai marcando pontos e conseguindo levar a estabilidade adiante. Assim, os juros recuam mais rápido a partir do segundo semestre de 96.
Para outros, mais pessimistas, começa a crescer a hipótese de a conta da estabilidade ficar cara demais -e o mercado pode, em algum momento, achar que o governo não vai conseguir pagar.
Divisão é própria do mercado. Sem ela não há negócios -todos comprariam ou todos venderiam.
O novo é que o pessimismo -especialmente com a possibilidade de ajuste nas contas públicas- está crescendo.
Além das divergências, há um consenso. A marca de 1996 será o incremento das fusões e aquisições em setores da economia -bancos e autopeças, entre outros.
Não é só a queda da inflação. A abertura da economia vai patrocinar um processo de concentração.
As Bolsas andaram receosas de que esse processo, especialmente no caso do setor bancário, se desse de forma desordenada.
A propalada fusão entre o Unibanco e o Nacional (as negociações com as ações de ambos continuam suspensas na Bolsa), que era dada como certa, acalmou o mercado. A Bolsa fechou em alta de 1,49%. O acordo não foi oficialmente confirmado e o BC divulgou nova MP, que permite obrigar a mudar o controle acionário de bancos.

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