São Paulo, sábado, 18 de novembro de 1995 |
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BC intervém no over e mantém juro alto
JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
O recado: não se mexe (para baixo) nos juros, por enquanto. O mercado entendeu. As projeções no mercado futuro voltaram a subir, especialmente para dezembro. O governo continua cauteloso no manejo das taxas de juros, que cumpre duas funções básicas: atrair o investidor estrangeiro e manter a economia desaquecida. Não há mágica. Sem o esperado ajuste fiscal, para manter a âncora cambial (o real valendo mais que o dólar) intacta, o juro fica na lua e a economia travada. É uma espécie de equilíbrio na miséria. Obviamente, essa situação não é sustentável ao longo do tempo -não há país que resista a um juro desse tamanho. Logo, o mercado começa a ficar dividido quando discute o cenário de 1996. Para alguns, o governo vai marcando pontos e conseguindo levar a estabilidade adiante. Assim, os juros recuam mais rápido a partir do segundo semestre de 96. Para outros, mais pessimistas, começa a crescer a hipótese de a conta da estabilidade ficar cara demais -e o mercado pode, em algum momento, achar que o governo não vai conseguir pagar. Divisão é própria do mercado. Sem ela não há negócios -todos comprariam ou todos venderiam. O novo é que o pessimismo -especialmente com a possibilidade de ajuste nas contas públicas- está crescendo. Além das divergências, há um consenso. A marca de 1996 será o incremento das fusões e aquisições em setores da economia -bancos e autopeças, entre outros. Não é só a queda da inflação. A abertura da economia vai patrocinar um processo de concentração. As Bolsas andaram receosas de que esse processo, especialmente no caso do setor bancário, se desse de forma desordenada. A propalada fusão entre o Unibanco e o Nacional (as negociações com as ações de ambos continuam suspensas na Bolsa), que era dada como certa, acalmou o mercado. A Bolsa fechou em alta de 1,49%. O acordo não foi oficialmente confirmado e o BC divulgou nova MP, que permite obrigar a mudar o controle acionário de bancos. Texto Anterior: Magalhães nunca ocupou cargo público Próximo Texto: Para economistas, MP evita crise bancária Índice |
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