São Paulo, sábado, 18 de novembro de 1995
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Para economistas, MP evita crise bancária

LUIZ ANTONIO CINTRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A maioria dos economistas ouvidos pela Folha diz considerar a MP (medida provisória) das fusões necessária, principalmente para se evitar uma possível crise de credibilidade sobre o sistema financeiro como um todo.
Outro ponto em comum entre eles é a necessidade de uma nova legislação que trate das intervenções do BC (Banco Central) em instituições financeiras.
O que divide esses mesmos economistas diz respeito aos custos que a medida porde eventualmente vir a trazer para o Tesouro.
O ex-ministro do Planejamento Mário Henrique Simonsen, por exemplo, afirma que as críticas que a MP vem sofrendo ocorrem porque ela "não foi entendida".
Simonsen discorda daqueles que calculam em até US$ 10 bilhões o custo que a MP traria para o Tesouro.
"É preciso saber o que é empréstimo e o que é de fato prejuízo para o Tesouro. Estão colocando inclusive custos de intervenções que já ocorreram nessas contas", afirma o ex-ministro.
Simonsen defende que se crie uma nova lei de intervenções, com o objetivo de ter "um sistema prévio de fiscalização por parte do BC sobre as instituições"
"Não podemos esquecer o exemplo da recessão de 30 nos EUA, que acabou virando depressão econômica justamente porque o BC norte-americano não evitou uma crise bancária", diz.
Para o economista Paulo Nogueira Batista Jr, ainda não ficou claro qual será o custo para o Tesouro da MP das fusões.
"É preciso saber qual será a renúncia fiscal do Tesouro e as linhas de crédito que eventualmente possam vir a ser criadas", afirma o economista.
Nogueira Batista diz que as críticas que atingiram a medida provisória se deve em grande parte à falta de credibilidade do BC.
Já o ex-ministro da Fazenda Mailson da Nóbrega, atual vice-presidente do Banco BMC, considera a medida oportuna, justamente por "evitar uma possível crise bancária".
"Uma crise no sistema financeiro traria riscos inclusive para a estabilidade e a confiança no Plano Real", diz.
Para Mailson, o que motivou as críticas à MP das fusões foi o fato de "o governo não ter se comunicado direito, na ocasião da criação da medida".
Já o economista do PT Aloizio Mercadante considera que a própria necessidade de se editar a MP é fruto da "política monetária irresponsável" adotada pelo BC.
"É resultado da política de juros altos e arrocho ao crédito", diz.
Para o economista, usando o pretexto de agilizar o processo de fusão, a MP acaba "lavando os ativos dos bancos".
Para o professor da FEA (Faculdade de Economia e Administração) da USP Roberto Macedo, "ninguém gosta desse tipo de medida, mas é um mal necessário".
"O ideal seria um sistema que detectasse as dificuldades de uma instituição financeira antes de uma possível intervenção", afirma.

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