São Paulo, sábado, 18 de novembro de 1995
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Decisão do governo surpreende banqueiros

DA REPORTAGEM LOCAL

A divulgação da MP (medida provisória) que permite ao Banco Central desapropriar bancos em dificuldades financeiras pegou de surpresa, ontem à noite, banqueiros que, horas antes, haviam almoçado com o presidente do Banco Central, Gustavo Loyola.
Maurício Schulman, presidente do conselho de administração do Bamerindus e presidente da principal entidade dos bancos, a Febraban, afirmou que não sabia de nada até ser informado da MP pela Folha, às 21h.
"O Loyola não me disse nada, nenhum comentário", assegurou Schulman, que participou do almoço anual da Abel (Associação Brasileira das Empresas de Leasing), no Hotel Mofarrej Sheraton.
Participaram do evento cerca de 200 executivos do mercado financeiro e de empresas. Todas as principais associações de classe do setor estavam representadas.
O presidente da Febraban recusou-se a comentar o teor da MP, alegando desconhecer o texto.
Homero Amaral Júnior, presidente da Ancor (Associação Nacional das Corretoras), também almoçou com Loyola e ficou pasmo ao ser informado da MP.
"Se for isso mesmo, é uma terrível arbitrariedade, é extremamente perigoso e pouco transparente o BC desapropriar ações de bancos", reagiu Amaral.
Para ele, o BC não tem "expertise" em fusões e aquisições para entrar nesse mercado e passar adiante ações de bancos em dificuldade. Bancos privados de investimento fazem isso muito bem, acrescentou.
Amaral não chega a ponto de interpretar a MP como um indício de "fujimorização" do governo brasileiro. Mas insiste que o BC deve limitar-se às suas funções de fiscalizar e intervir no mercado.
"O BC não pode ficar como um guarda de trânsito atrás da árvore. Deve prevenir, em vez de punir", afirmou o presidente da Ancor.
Também foi surpreendido o presidente do Unibanco, Tomás Zinner (que não esteve no almoço da Abel). "Não posso comentar uma coisa que eu não li ainda. Vou ler amanhã nos jornais."
Theóphilo de Azeredo Santos, presidente do Sindicato dos Bancos do Rio, e membro do conselho diretor da Febraban, classificou a MP de "acautelatória". Para ele, a medida é do interesse do mercado financeiro e deverá ser usada com critério pelo BC.

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