São Paulo, sábado, 18 de novembro de 1995
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Banqueiros criticam programa que estimula as fusões de bancos

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

O governo conseguiu desagradar a gregos e a troianos ao lançar o Proer (Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional (Proer).
Os empresários do setor industrial foram os primeiros a reclamar dos incentivos oficiais às fusões e incorporações de bancos, alegando que não tiveram o mesmo tratamento ao enfrentar a concorrência com a globalização da economia.
Mas os banqueiros também têm suas críticas ao Proer. O presidente da Febraban (Federação Brasileira das Associações de Bancos), Maurício Schulman, reclamou ontem que o programa incentiva apenas as fusões que envolvam instituições com problemas financeiros.
"Os bancos sadios também podem querer fundir-se para ganhar escala e fazer frente à tendência mundial de fusões bancárias", disse Schulman, após almoçar com o presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, em evento promovido pela Abel (Associação Brasileira das Empresas de Leasing).
O raciocínio de Schulman é o seguinte: se para candidatar-se ao Proer os controladores e administradores do banco incorporado terão que abandonar o mercado financeiro, por ordem do BC, então não haverá interesse em fusões espontâneas.
Schulmam não acredita que o Proer irá detonar um processo de fusões e aquisições no país. Pelo simples fato de os bancos de pequeno porte já estarem enxutos e adequados à queda da inflação, explica.
Também criticou o Proer o presidente da ABBC (associação que reúne pequenos bancos) Antônio Hermann de Azevedo.
Ele acha que o programa vai favorecer ainda mais a concentração bancária no país.
É que o BC elevou de 8% para 32% dos ativos o capital mínimo necessário para a abertura de novos bancos. Assim, para Cada R$ 100,00 em empréstimos, a instituição terá que ter R$ 32,00 de patrimônio, em vez de R$ 8,00.
"O sistema está perdendo recursos para empresas não-financeiras devido ao aperto do crédito. Há mais de cinco mil empresas de factoring (fomento comercial) que seriam candidatas a entrar no sistema formal de empréstimos", afirmou Hermann.

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