São Paulo, domingo, 19 de novembro de 1995
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Suposto tráfico de drogas levou a assessor da Presidência

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Denúncias anônimas de envolvimento do embaixador Júlio César Gomes dos Santos em tráfico de drogas foram o motivo apresentado pela PF (Polícia Federal) à Justiça para pedir a quebra do sigilo telefônico do ex-chefe do cerimonial do Palácio do Planalto.
O embaixador foi exonerado anteontem pelo presidente Fernando Henrique Cardoso depois que gravações de telefonemas apontaram indícios de tráfico de influência -um crime sujeito a pena de prisão de dois a cinco anos.
As denúncias chegaram à PF em março, mas a escuta telefônica foi feita em setembro, depois de autorização judicial. O número do telefone residencial do embaixador aparecia, segundo a PF, em lista de suspeitos de narcotráfico.
Embora o motivo oficial para a abertura das investigações tenha sido o suposto envolvimento com drogas, a PF suspeitava que Júlio César estivesse usando a proximidade com FHC para intermediar pedidos de lobistas.
Em um mês de escuta telefônica nos aparelhos da residência do embaixador, a polícia não encontrou sinal de envolvimento no tráfico de drogas. As gravações também não apontam indícios que Júlio César tenha recebido propinas.
As evidências mais fortes são de tráfico de influência. Mas a gravação das conversas telefônicas não são ainda reconhecidas como prova na Justiça, de acordo decisão do Supremo Tribunal Federal.
O resultado da escuta telefônica foi passado ao ministro da Justiça, Nelson Jobim, na segunda-feira, e repassada a FHC na terça-feira. Júlio César pediu demissão menos de 24 horas depois.
A Folha não conseguiu localizar ontem o embaixador. Segundo familiares, ele está viajando.

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