São Paulo, domingo, 19 de novembro de 1995
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Presos por engano desaparecem

EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Sem passagem pela polícia, Jorge Careli e Marcos Antonio Rufino podem ter sido vítimas de equívocos dos policiais que os prenderam. No caso de Careli, há quase certeza de que o confundiram com um sequestrador.
Segundo Ilma Noronha, presidente da Associação dos Funcionários da Fundação Oswaldo Cruz, Careli foi preso na favela Varginha por policiais da DAS (Divisão Anti-Sequestro) do Rio.
Careli foi preso no dia 1º de agosto de 1993, quando falava com a namorada em um orelhão da favela. O telefone tinha sido usado por sequestradores.
O caso chegou a ser julgado pela Justiça, mas os acusados foram absolvidos. "Não há dúvida de que Careli foi espancado e talvez morto por alguns dos réus ", diz sentença do juiz Heraldo Saturnino, da 6ª Vara Criminal do Rio.
O processo só foi reaberto em agosto passado, quando a sequestradora Lindalva dos Prazeres disse ter visto Careli ainda vivo, com marcas de tortura, em uma das salas da DAS, um dia após a prisão.
"Cheguei lá e tinha um rapaz deitado, muito machucado. Mas ele ainda falava ", disse Lindalva. "Eu perguntei: você é sequestrador? Não, eu trabalho na Fiocruz, disse o rapaz ", afirmou Lindalva.
Por causa do depoimento, o Ministério Público indiciou o delegado Hélio Vígio, que dirigia a DAS na época da prisão de Careli.
Rufino
Mais complicado ainda é o desfecho da prisão do advogado negro Marcos Rufino, que trabalhava na Biblioteca Nacional. Grupos de direitos humanos dizem que as investigações estão paralisadas na polícia, sem previsão de ser enviado à Justiça.
Ele foi preso no dia 26 de novembro de 1994, quando passava diante de um quartel do Exército, no morro do Fubá (Rio).
Documento escrito à mão pelo delegado Jairo Campos diz que Rufino foi preso por soldados da Polícia do Exército e ficou na carceragem da Polinter. Sumiu no final de dezembro ao ser levado para o Presídio de Água Santa.
(EN)

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