São Paulo, domingo, 19 de novembro de 1995
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Mãe diz que filho foi torturado até a morte

MÔNICA SANTANNA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

Pelo menos uma vez por semana, a cozinheira Junice Lima dos Santos, 42, vai à Corregedoria da Polícia Civil do Paraná, no centro de Curitiba, para saber como está o inquérito sobre o desaparecimento de seu filho José Aparecido dos Santos, 24.
Santos foi abordado por três homens, segundo testemunhas, na noite de 17 de outubro de 1992, junto com dois amigos -Clóvis Osório, 20, e Luiz Carlos Fonseca, 24. Os homens acusaram os três de vários furtos.
Eles foram levados para o 7º Distrito Policial, no bairro da Vila Hauer (a 8 km do centro de Curitiba), e nunca mais foram vistos pelos familiares.
Santos, Osório e Fonseca estavam indo para casa, depois de saírem para comemorar o nascimento do filho de Fonseca.
Junice disse que seu filho foi torturado e morto dentro de uma sala no 7º DP por não querer confessar a autoria dos furtos de que era acusado pelos policiais.
"Recebi a carta de um preso afirmando que meu filho havia estado lá junto com os amigos e que foi levado para uma sala de tortura. Foram torturando, torturando, até que ele morreu ", disse Junice. Segundo ela, seu filho e os amigos não tinham passagem pela polícia.
Junice afirmou que o filho e os amigos estavam no carro dele quando um Gol interceptou-os numa rua do bairro Xapinhal, três homens desceram e os levaram.
O delegado Adelino Anacleto foi designado para investigar esse caso. Anacleto, que está de férias, terminou seu relatório em julho.
No inquérito aparecem como suspeitos os policiais Antonio Roberto Alves, José Messias Barreto Neves e Adelino de Faveri, que não foram indiciados.
A reportagem não obteve permissão para ver o inquérito. Alves e Messias cumprem atividades administrativas no 1º DP. Eles não quiseram dar declarações. Faveri não foi localizado.

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