São Paulo, domingo, 19 de novembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Polícia do Rio investiga farsa em sequestro de professora

SERGIO TORRES
ENVIADO ESPECIAL A SAQUAREMA (RJ)

A DAS (Divisão Anti-Sequestros) da Polícia Civil do Rio suspeita que pode ter sido forjado o sequestro da professora Louise Azevedo Portela Vasconcelos, 21.
Segundo cinco pessoas ouvidas pela DAS, Louise teria sido vista domingo, quando deveria estar no cativeiro, na praia de Jaconé, em Saquarema (80 km do Rio), na Região dos Lagos.
Louise teria sido sequestrada no último dia 8, na zona norte do Rio. A família diz que ela foi libertada na quarta-feira passada, após pagamento de resgate. No domingo em que teria sido vista em Jaconé, Louise deveria estar em cativeiro. A DAS localizou as testemunhas em quiosques e bares de Jaconé.
Os cinco interrogados dizem que uma moça muito parecida com Louise bebeu cerveja no domingo à noite durante um churrasco nos bares Esbórnia e Point Beach, na rua 96.
A dona do Esbórnia, que se identificou apenas como Fátima, e a dona do Point Beach, Regina, confirmaram à Folha que uma moça bastante parecida com as fotos de Louise publicadas nos jornais esteve no local no domingo.
Fátima disse que a moça chegou por volta de 20h em uma caminhonete F-1000. Estaria acompanhada de um homem moreno, aparentando 25 anos, e de uma menina de cerca de 12 anos.
Eles consumiram duas cervejas, pagaram R$ 3,00 e saíram. A moça chegou a levar um tombo quando se aproximou do carro para ir embora.
"Aqui é um bar. O churrasco era particular, mas a gente vendia cerveja para gente de fora. Ninguém a conhecia por aqui", disse Fátima.
O secretário da Segurança, Nílton Cerqueira, disse que "todas as hipóteses" para o sequestro de Louise Vasconcelos estão sendo investigadas.
O chefe de Polícia Civil, delegado Hélio Luz, preferiu não comentar a suspeita de que o sequestro teria sido forjado. "A DAS vai ouvir a moça. A gente tem que tomar cuidado com esse tipo de informação", disse.
A mãe de Louise, Nadir Portela, chamou de "absurda" a suspeita da polícia. Ela disse que exigirá a volta da filha ao Rio para prestar esclarecimentos. Louise estaria descansando em uma praia no Nordeste.
"Quero saber o que houve, por que ela não quis voltar para casa. Ainda não vi minha filha. Ela está com pessoas estranhas. Minha filha é uma heroína, não é covarde", disse Nadir.
Na sexta-feira, Louise concedeu uma entrevista coletiva por telefone, sem identificar o local de onde estava falando.

Texto Anterior: Fuso horário
Próximo Texto: Equipe discute fusão dos dois bancos
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.