São Paulo, domingo, 19 de novembro de 1995 |
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Grupo absorveu novas técnicas
ANA FRANCISCA PONZIO
No entanto, não foi muito fácil ensinar, em quase dois meses, as nuances de sua técnica, que trabalha principalmente as ondulações do tronco, a partir dos pés firmemente "enraizados" no chão. "Foi um processo árduo. Numa das aulas, o elenco ficou duas horas e meia treinando contrações do torso. Claro que seria impossível absorver tudo. Mas, acho que os bailarinos evoluíram para uma espécie de humanidade corporal, que lhes revelou coisas novas sobre o movimento", comenta Acogny. Cheia de símbolos, a dança de Acogny relaciona as partes do corpo à natureza. A face, por exemplo, representa a lua. "Ela nos fez procurar o sol contido no peito", diz a bailarina e assistente de coreografia Susana Mafra, que dança no Balé da Cidade desde 1980. "Acogny nega o excesso técnico. Ao contrário da maioria dos coreógrafos, que quando chegam já escolhem seus preferidos, Acogny deu atenção a cada um dos bailarinos, dando-nos liberdade para participar", diz Susana. Para Acogny, a origem da dança está na África. "Costuma-se dizer que o balé clássico é a base da dança. Na minha opinião, é a dança africana que oferece preceitos básicos, pois respeita o corpo e não o deforma com sapatilhas ou movimentos artificiais". A coreógrafa lembra que o homem se expressa com o corpo desde o nascimento. "A dança, para mim, é um prolongamento natural dos gestos da vida. Reúne o pensamento e os sentimentos e sempre foi utilizada para honrar a criação e as múltiplas divindades." Tentando reatar elos, Acogny procurou criar, em "Z", um espaço entre o presente e o futuro. "Z é um ponto de união." (AFP) Texto Anterior: Balé da Cidade dança "Z" de Zumbi Próximo Texto: Diretor vê encontro 'mágico' Índice |
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