São Paulo, domingo, 19 de novembro de 1995 |
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Escândalo de chantagem envolve rei da Espanha
CLÓVIS ROSSI
A expressão é de Jordi Pujol, presidente da "Generalitat" da Catalunha (o governo dessa rica região espanhola), que, por sinal, busca hoje, em eleições locais, mais uma reeleição. O rei foi vítima de uma suposta tentativa de chantagem, que teria sido praticada por dois dos mais notórios homens de negócios do país, ambos falidos. São Javier de la Rosa e Mário Conde, personagens de dois dos incontáveis escândalos dos últimos anos. Mário Conde era a estrela do sistema bancário, como presidente do Banesto, um dos maiores conglomerados espanhóis, até se tornar a versão espanhola do Banco Econômico brasileiro: foi posto sob intervenção e depois vendido para outro grupo. Como o KIO, por uma série de irregularidades. É justamente pelas portas do caso KIO que o rei entra na história. Um dos seus principais assessores, Manuel Prado y Colón de Carvajal, é acusado de ter recebido cerca de US$ 98 milhões de Javier de la Rosa, para, supostamente, interceder para que os processos contra de la Rosa fossem suspensos (há um Madri e outro em Londres). Na semana passada, o matutino "El País" divulgou cartas com o timbre do palácio real pedindo dinheiro para Manuel Prado. Tudo falsificado, disse o jornal. Prado nega o pagamento, mas admite que houve "recados subliminares" para que interferisse nos processos. E nega qualquer envolvimento da família real. A chantagem, aparentemente, usaria como arma a amizade entre o rei e Prado. Ao expor o amigo, a família real estaria sendo atingida. Objetivo: aliviar a situação dos dois homens de negócios, em função das investigações sobre as irregularidades nos dois casos. José Maria Aznar, líder do principal partido de oposição (Partido Popular), acusa o governo do social-democrata Felipe González de usar o caso da chantagem para desviar a atenção da chuva de escândalos que se abateu nos últimos anos sobre o Partido Socialista Operário Espanhol, de González. São casos que vão desde corrupção até o encobrimento de um grupo paramilitar, os GAL, acusados do assassinato de 27 militantes da guerrilha separatista basca ETA. González prefere incluir a chantagem entre os elementos de uma conspiração contra as instituições democráticas, da qual teria sido avisado já faz um ano e meio. Os respingos do episódio atingirão de novo o PSOE, há 13 anos no poder. Tanto de la Rosa como Conde são (ou foram) figuras que a mídia espanhola chamava de "beautiful people" -a "gente linda" que ficou rica a partir do boom da economia em grande parte ocorrido durante o governo do PSOE. Texto Anterior: Dividida, Polônia escolhe hoje presidente Próximo Texto: Angola atrasa implantação de acordo de paz Índice |
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