São Paulo, domingo, 19 de novembro de 1995
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Para conferir em 96

CLÓVIS ROSSI

SÃO PAULO - Da reunião da equipe econômica com o presidente Fernando Henrique Cardoso, no feriado de quarta-feira, emerge um cenário extremamente otimista para 1996.
Claro que qualquer equipe de governo sempre acha que as coisas ou vão bem ou, quando há algum problema, vão melhorar no período seguinte.
Feita a ressalva, vale citar os números que rondaram a reunião, quando menos para que se possa conferir, no final de 1996, se esse pessoal devaneia ou não.
Ponto um: inflação. Deixou de ser motivo de inquietações sérias, pelo menos depois que se derrubou a atividade econômica, após um primeiro trimestre meio alucinante. O governo aposta em algo entre 10% e 12%, o que seria um resultado extraordinário para um país que ainda não apagou a memória da superinflação.
Mas, comparado ao mundo civilizado, ainda é um desastre. Nos 12 meses encerrados em setembro, o clube dos 25 países mais industrializados (congregados na OCDE) registrava uma média inflacionária de apenas 3,4% (e olhe que o México faz parte desse grupo).
Ponto dois: crescimento. O governo imagina algo em torno de 4% a 5%. Se der o número maior, empata com o melhor resultado dos últimos nove anos (os 4,96% registrados em 93).
Mas exige uma reversão enorme da tendência. Afinal, entre abril e junho a economia retrocedeu 4% e mais 1,3% no trimestre seguinte (julho/setembro).
Ponto três: situação fiscal. "1996 vai ser muito melhor do que 1995", garante Pedro Parente, secretário-executivo e, como tal, o número 2 da Fazenda. Não chega a ser lá muito auspicioso, dado que 95 vai fechar com déficit acima do esperado inicialmente.
Mas o governo jura que, com o tal Fundo de Estabilização Fiscal, as mudanças no Imposto de Renda da Pessoa Jurídica, as privatizações e um maior controle nos Estados (nos quais mora o perigo, ou melhor, o buraco maior) estará emitindo sinais suficientes para tranquilizar os agentes econômicos.
Se a realidade coincidir com as previsões oficiais, a emenda da reeleição passa quase por aclamação. A conferir.

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