São Paulo, segunda-feira, 20 de novembro de 1995 |
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'Não sou contra a polícia', diz Mariano
DA REPORTAGEM LOCAL Benedito Domingos Mariano afirma que a experiência da ouvidoria em São Paulo servirá de exemplo para o Brasil e toda a América Latina.Segundo ele, essa iniciativa "mudará a relação da polícia com a sociedade". A seguir, trechos de sua entrevista à Folha, concedida na última sexta-feira: Folha - Como será o seu trabalho? Benedito Domingos Mariano - Receberei as denúncias de arbitrariedade e abusos cometidos por policiais civis e militares. Depois, vou encaminhá-las para investigação às corregedorias de polícia, ao Ministério Público e à Procuradoria do Estado. Folha - Não há um choque com as corregedorias e o Ministério Público, que já exercem uma ação de fiscais da polícia? Mariano - Não. Será um trabalho complementar. Sou um representante da sociedade dentro da Secretaria de Segurança Pública. Folha - O que o sr. pensa das críticas de setores da polícia, representados pelos deputados estaduais Conte Lopes e Erasmo Dias, à política de segurança pública do secretário José Afonso da Silva? Há críticas também ao sr., por ser ligado a entidades de direitos humanos. Mariano - Só aceitei o cargo porque acredito no trabalho democrático do secretário. A ouvidoria será um exemplo para o país e para a América Latina. Estou orgulhoso de poder participar de um processo que é irreversível. Não cabe mais no Brasil essa visão preconceituosa dos direitos humanos. Desde o governo Itamar, o país assumiu um compromisso com a comunidade internacional. Basta ver o Plano Nacional de Direitos Humanos, que o Ministério da Justiça está elaborando com entidades da sociedade civil. Folha - O que precisa ser mudado na polícia? Mariano - A ouvidoria sozinha não vai mudar nada. Ela vai ser um ingrediente dentro de um processo de mudanças, que o secretário está implementando. Acho que é preciso uma nova cultura. Vou propor cursos e programas nas academias com uma filosofia de segurança que amplie o espaço democrático na polícia e a aproxime da comunidade. O sr. acha a polícia violenta? Mariano - Se não existisse excessos, não haveria a ouvidoria. Não sou contra a polícia, que precisa existir em qualquer país do mundo. Sou contra a violência, a tortura e as execuções sumárias. Texto Anterior: 'Ombudsman' quer reeducar a polícia Próximo Texto: PM diz que vai apurar violência policial no MA Índice |
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