São Paulo, segunda-feira, 20 de novembro de 1995
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Encalhe de pele de jacaré no MT põe em risco cativeiros

MYRIAN VIOLETA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

A criação de jacarés em cativeiro começa a ficar comprometida no Pantanal de Mato Grosso por causa do estoque de pelo menos 60 mil peles do animal. A espécie é o Caiman crocodilus yacare.
Marco Kloster, zootécnico da Coocrijapan (Cooperativa de Criadores de Jacarés do Pantanal), disse que, se o estoque não for vendido, o projeto de criação de jacarés em cativeiro pode acabar.
Vinte mil peles estão estocadas na Coocrijapan, com sede em Cáceres (244 km de Cuiabá-MT).
Segundo o biólogo Anacleto Arruda Filho, as outras 40 mil peles estocadas na empresa Tecno Caiman Ltda., em Várzea Grande (5 km de Cuiabá), estão dando um prejuízo de mais de R$ 300 mil.
"O mercado nacional está parado e no internacional não podemos vender por causa de um acordo entre Brasil e EUA, que proíbe a entrada da pele do jacaré pantaneiro naquele país", afirmou Kloster.
Segundo ele, essa proibição acaba "gerando restrições" em outros países.
"Se os EUA não compram, os outros países acabam também não comprando." Para o biólogo Arruda Filho, os motivos para a falta de mercado são outros.
Ele disse que há uma crise financeira "muito grande" no mercado internacional de peles exóticas. "Não há dinheiro. A barreira dos EUA piora ainda mais, mas eles não aceitam a nossa pele porque não existe no Pantanal um planejamento científico para a retirada dos ovos dos ninhos", afirmou.
Arruda Filho disse que os custos da criação do jacaré em cativeiro chegam a US$ 0,81 por centímetro de largura do animal (a pele do jacaré é medida pela largura).
Os custos são referentes à fase de coleta do ovo até a fase mais rudimentar do curtimento da pele, chamada de Wet Blue.
"No mercado internacional, a pele completamente curtida pode chegar a US$ 2,20 por centímetro de largura", afirmou.

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