São Paulo, segunda-feira, 20 de novembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Juro do CDB cai para cliente do Nacional

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

As diretorias do Unibanco e extinto Nacional passaram o final de semana reunidas para uniformizar os padrões operacionais para a abertura de hoje das agências.
As reuniões foram em colegiado (com as duas equipes) por área de atuação.
Na área de crédito, segundo a Folha apurou, a clientela do Nacional foi subdivida.
Uma parte, que é cliente de ambos os bancos, terá homogeneizado o tratamento de cobrança de juros e do limite para o valor do empréstimo (que não será necessariamente a soma dos limites anteriormente concedidos). A outra, cliente exclusiva do Nacional, está sendo avaliada.
Na coletiva à imprensa concedida no sábado, o presidente do Unibanco, Tomas Zinner, acenou com a possibilidade do aumento das linhas de crédito.
"Estivemos reunidos todo o sábado e domingo discutindo uma série de procedimentos para que, na segunda (hoje), as 764 agências e 637 postos de atendimento funcionem como se nada tivesse acontecido", diz o vice-presidente de Finanças do Unibanco, Cesar Sizenando.
O Unibanco passa, agora, a administrar aproximadamente US$ 19 bilhões em aplicações.
"Salvo engano, o Unibanco passa a ser o maior banco em captação do Brasil. É também, e certamente, o maior em administração de recursos de terceiros (dinheiro aplicado nos fundos de investimento), com uma carteira de US$ 5,3 bilhões."
A clientela do Nacional vai sentir diferenças. "O banco que vai operar é o Unibanco. Não tem essa história de plus. É Unibanco, um pouco mais parrudo, mas é o Unibanco e ponto."
Na prática, os juros pagos na aplicação em um CDB, por exemplo, vão ficar menores para os antigos clientes do Nacional.
Até três meses atrás, conta Sizenando, as taxas praticadas pelos dois bancos eram mais parecidas. "Mas depois do episódio do Banco Econômico (que sofreu intervenção do Banco Central) e, especialmente, depois que o risco Nacional foi reclassificado, os juros pagos pelo Nacional dispararam."
Agora, afirma, o risco do aplicador passa a ser o Unibanco e a taxa de juros proposta será compatível com isso.
Dizendo que "nessa reta final do Nacional, permaneceram os clientes mais fiéis", Sizenando não espera perder clientela por conta da queda dos juros.
Ao contrário. "Nós esperamos é um crescimento da captação. Esperamos que retornem ao banco os investimentos que, nos últimos meses, migraram do Nacional para outras instituições."
Sizenando diz que a integração entre as duas equipes na sua área (tesouraria e finanças) está sendo muito positiva. "São equipes competentes e competitivas. Que se acostumaram a disputar mercados semelhantes e tiveram um ao outro como o principal adversário em uma série de produtos. Existem muitas afinidades."
Nessa fase, a discussão é de padronização, já que vão continuar existindo duas mesas centrais de operação, ambas em São Paulo -uma no Nacional da Av. Paulista e outra na sede do Unibanco na Av. Euzébio Matoso.
Mas, ao longo do tempo, quando os sistemas de computador e de telecomunicações forem unificados, a mesa central será a do Unibanco. 'À inteligência da tesouraria de um banco é sempre centralizada", afirma, para depois acrescentar que 'às mesas regionais poderão ser do Unibanco ou do antigo Nacional, ainda vamos analisar quais são as melhores opções".
Estratégia
Sizenando diz que a compra das operações bancárias do Nacional não muda a estratégia geral do Unibanco, de segmentação, embora a base da clientela tenha sido ampliada para 2,1 milhões.
Em janeiro, entrará em operação a nova empresa que passará a administrar os fundos de investimento. E o Banco 1, a instituição virtual do Unibanco, manterá sua estratégia de crescimento.
Sizenando prevê que os negócios no interbancário (entre bancos) serão normalizados e diz que o Unibanco, que tem um caixa engordado, "será um provedor de liquidez ao mercado, como sempre foi".

Texto Anterior: O PASSO A PASSO DA CRISE DO NACIONAL
Próximo Texto: ACM quer 'justiça a quem foi injustiçado'
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.