São Paulo, segunda-feira, 20 de novembro de 1995
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Argentina registrou 32 fusões de bancos

DENISE CHRISPIM MARIN
DE BUENOS AIRES

Desde o início da crise mexicana, em dezembro de 94, a Argentina foi obrigada a impulsionar uma reforma sem precedentes em seu sistema bancário.
Os processos de fusão dominaram, com 32 casos. As privatizações respondem por seis baixas e as eliminações, por sete. Cinco novos bancos surgiram com a transformação de instituições de outra natureza.
O estopim dessa reforma foi a saída de US$ 8 bilhões em depósitos da rede bancária -cerca de 17,8% do total- entre dezembro de 94 e março deste ano.
Os bancos cooperativos de menor porte foram as principais vítimas da fuga de depósitos. Até agosto, 85% do volume de novembro de 1994 havia sido recuperado.
Sufocados pela falta de liquidez e pelas filas de clientes que esperavam o resgate de depósitos e aplicações, esses bancos se tornaram os alvos dos processos de fusão.
Portanto, houve na Argentina um processo de concentração bancária no qual os grandes engoliram os pequenos.
A única exceção registrada foi a junção dos bancos Medefín e UNB, ocorrida em maio. Ambos tinham porte médio e a mesma linha de negócios.
A reforma financeira argentina, entretanto, era um processo inevitável. Em várias ocasiões, o ministro da Economia, Domingo Cavallo, deixou claro que a crise mexicana havia dado um empurrão.
A concentração bancária figurava nos planos de Cavallo como forma de reduzir os custos e aumentar a eficiência dos serviços.
Seria, dessa forma, uma alternativa direta para aumentar o nível de bancarização do país. Atualmente, 90% da população argentina não tem nenhum tipo de depósito ou aplicação em banco.
O processo de fusão de instituições deve continuar. Primeiro, porque o governo ainda não se deu por satisfeito e quer diminuir ainda mais o número de banco do país.
Depois, porque o volume de depósitos que retornou ao país ficou concentrado nos grandes bancos nacionais e estrangeiros. Não voltou, portanto, às instituições que mais necessitavam.
O BCRA (Banco Central da República Argentina) funcionou como um facilitador das fusões. Concedeu uma série de vantagens para os bancos que se propuseram a absorver outras instituições. A receita foi transmitida pelo presidente do BCRA, Roque Fernandez, a seu colega brasileiro, Gustavo Loyola, em 27 de outubro.
No início do ano, o governo argentino criou o Fundo Fiduciário, destinado a socorrer instituições em dificuldades e a proporcionar as fusões bancárias. Sua função era a de prover empréstimos a taxas mais baixas aos bancos afetados pela falta de liquidez.
Também foram abrandadas as exigências de capital mínimo para a absorção de outro banco, de depósito de compulsório ou de retenções sobre os empréstimos.
Os prazos de vencimento de passes ativos e adiantamentos compulsórios também foram prorrogados. O mesmo ocorreu com o redesconto.
A imprensa argentina acompanhou o processo de fusão dos bancos Nacional e Unibanco, no Brasil, sem demonstrar grande interesse em repercutir as notícias.
Ontem, nenhuma linha foi publicada nos principais jornais locais sobre a intervenção do Banco Central no Nacional.

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