São Paulo, segunda-feira, 20 de novembro de 1995
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BC fica com o crédito "podre"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A transferência das operações bancárias do Nacional para o Unibanco deixou nas mãos do Banco Central a cobrança dos créditos de recebimento mais problemáticos, os chamados créditos podres.
É o caso, por exemplo, da dívida relativa FCVS (Fundo de Compensação das Variações Salariais). Técnicos do governo estimam que os créditos do Nacional junto ao fundo podem chegar a cerca de R$ 750 milhões.
Criado para quitar contratos de mutuários do SFH (Sistema Financeiro da Habitação) com cobertura do FCVS, o fundo é de responsabilidade do Tesouro Nacional. O rombo potencial está estimado hoje em R$ 51 bilhões e o governo pretende fazer o pagamento em títulos públicos.
Ao não transferir para o Unibanco créditos de liquidação duvidosa, o BC pode correr o risco de ter que colocar recursos para concluir a extinção do Nacional. No Raet (Regime de Administração Especial Temporária), o BC é o responsável pelos atos dos interventores indicados.
O Unibanco assumiu todas as operações bancárias mais a seguradora do Nacional. Permaneceram com a família Magalhães Pinto -mas administrados pelo BC o banco de investimentos, a corretora de valores, a distribuidora de títulos e a empresa de leasing.
Os técnicos do BC (Banco Central) iniciaram ontem levantamento sobre os débitos e créditos do Banco Nacional que não foram assumidos pelo Unibanco. O objetivo é verificar se a instituição tem recursos suficientes para pagar as dívidas das empresas que não foram transferidas para o Unibanco.
Um levantamento preliminar deve ficar pronto até o final do mês, conforme a Folha apurou. Se as empresas que continuaram com a família Magalhães Pinto não tiverem recursos para pagar eventuais dívidas, os diretores nomeados pelo BC vão vender patrimônio para quitá-las.
A diretoria nomeada pelo BC para administrar o Nacional poderá inclusive vender bens dos 18 administradores do banco nos 12 meses anteriores à intervenção.
A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) deve manter por mais tempo a proibição de que ações do Nacional sejam negociadas nas Bolsas. Os acionistas minoritários do Nacional dificilmente vão receber o investimento feito na compra de papéis do banco.

LEIA MAIS
sobre o Unibanco nas págs. 2-3, 2-4, 2-5 e 2-6.

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