São Paulo, segunda-feira, 20 de novembro de 1995
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Tendência de união é mundial

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Enquanto o comércio internacional adere à globalização da economia a passos lentos, por meio de blocos econômicos (Mercado Comum Europeu, Mercosul, Nafta e outros), o setor financeiro mundial já vive a realidade da aldeia global.
Estima-se que cerca de US$ 11 trilhões voem incessantemente de um lado para o outro do planeta, em busca de bons negócios em qualquer idioma. Sob essa nuvem, uma onda de fusões e aquisições de bancos sacode a poeira dos principais centros financeiros internacionais.
Duas fusões gigantescas foram anunciadas neste ano nos Estados Unidos: a do Chemical Bank com o Chase Manhattan Bank e a do First Union com o First Fidelity.
Na Inglaterra, a fusão do Lloyds Bank com o TSB cria, a partir de dezembro, o maior banco de varejo do país.
"É o efeito da globalização, ao qual o Brasil também está sujeito", afirma o consultor americano Joseph Roosevelt, da Price Waterhouse, que esteve no Brasil há duas semanas para se reunir com banqueiros brasileiros.
No mundo todo, o processo de fusões é estimulado pela necessidade de os bancos ganharem escala para concorrer com os cada vez maiores participantes do cenário financeiro internacional.
Nos Estados Unidos, o processo de união de bancos é motivado pela queda nas barreiras que limitavam a atuação dos bancos às fronteiras dos Estados, explica Roosevelt.
Consultores americanos estimam que neste ano haverá pelo menos 600 "matrimônios bancários", num universo de cerca de 10 mil bancos. Há dez anos, havia pelo menos 14,5 mil bancos nos EUA, a maioria com ativos na casa dos US$ 250 milhões.
Esses bancos pequenos não podem sobreviver num mercado extremamente competitivo, em que os grandes oferecem um leque cada vez mais variado de serviços. Daí surgem os casamentos por interesse.
A participação dos bancos estrangeiros no mercado americano também estimula as fusões naquele país. Se em 1983 os estrangeiros detinham cerca de 5% do total de empréstimos, dez anos depois essa fatia estava em 11%.
A competição também assusta os banqueiros na Inglaterra. Os bancos Lloyds e TSB acreditavam que continuariam sendo instituições bem-sucedidas atuando de forma independente, mas resolveram unir suas forças assim mesmo.
"O mercado britânico de serviços financeiros de varejo é caracterizado por um crescimento lento, competição intensa e capacidade acima do limite", disse David Thomas, presidente do Lloyds, em recente visita ao país.
Thomas anunciou que a fusão dos dois bancos dará origem a um gigante com ativos totais de US$ 205 bilhões, com capital de US$ 9,5 bilhões, de acordo com os números dos últimos balanços das instituições.
Lá, assim como aqui, as fusões têm por objetivo reduzir custos de forma abrupta e, simultaneamente, disparar no ranking do setor financeiro. A dupla Lloyds-TSB estima que economizará cerca de US$ 500 milhões, por ano, até 1999.
(ACSD e MG)

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