São Paulo, segunda-feira, 20 de novembro de 1995
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Consumo de congelados deve triplicar em 5 anos

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

O consumo de produtos de alimentação congelados e supercongelados no país deve triplicar nos próximos cinco anos, de acordo com Edmund Klotz, presidente da Abia (Associação Brasileira da Indústria de Alimentos).
O mercado desses produtos, também chamados de semi-elaborados ou de preparo instantâneo, movimenta cerca de US$ 100 milhões, por ano, segundo a Abia.
Mas a participação média de congelados e supercongelados na cesta de compras de alimentos dos brasileiros é, atualmente, de apenas 2,5%, de acordo com pesquisa da entidade.
"Ainda é muito pouco em comparação com os países desenvolvidos", diz Klotz. Nos EUA, acrescenta, a parcela dos congelados e supercongelados chega a 20% e na Europa a 18%, em média.
Uma avaliação inédita do mercado de alimentos feita pela Abia estima, porém, que esse percentual no país atingirá cerca de 7%, nos próximos anos e 9% até 2000.
"Afirmo, com toda a certeza, que até a virada do século vamos estar bem avançados no setor de congelados e supercongelados, com um consumo médio, seguramente, acima de 7% e perto de 9%", afirma Klotz.
Um dos fatores é a estabilização da economia, com o aumento do poder aquisitivo da população.
"Estamos caminhando bem nesse sentido. Dificilmente haverá retorno na estrada da estabilização, a não ser um acidente natural, alguma coisa descomunal, que é difícil de imaginar", diz.
Para Klotz, um entrave à expansão do parque industrial de congelados e supercongelados é o alto custo do dinheiro no país.
"O investimento ainda é muito caro com os atuais juros. Esperamos medidas concretas do governo para uma baixa deles. O processo de congelamento no Brasil ainda é caro também porque não atingimos escala para permitir barateamento de custos, mas estamos indo solidamente para a frente."
Klotz diz que o crescimento do setor de congelados e supercongelados no Brasil depende de três fatores: 1) mudança de hábitos alimentares; 2) maior presença do forno de microondas como instrumento de cozinha; e 3) mais investimentos em frigoríficos nos pontos-de-venda ao consumidor.
Denis Ribeiro, coordenador do departamento econômico da Abia, diz que o mercado brasileiro tem muito espaço para crescer.
Uma das razões para isso é a entrada de mais mulheres no mercado de trabalho, seguindo uma tendência que já ocorre nos países desenvolvidos.
"Nas sociedades modernas, o crescimento do consumo dos alimentos semiprontos está ligado ao grande número de mulheres que trabalham fora e de pessoas que moram sós", diz.
"No Brasil, as mulheres ainda são apenas 35% da população economicamente ativa e pesquisas recentes mostram que 50% dos consumidores de pratos prontos são donas-de-casa na faixa de 25 a 45 anos", completa Ribeiro.
A Abia nota o aumento das áreas de venda de alimentos semi-elaborados nos supermercados, que têm se tornado mais visíveis, ganhando mais espaço.
Como ocorre no Primeiro Mundo, também começa a crescer no país a presença de lojas de conveniência nas grandes cidades.
Nos países desenvolvidos, as lojas de conveniência são um dos principais pontos-de-venda de congelados e supercongelados, desde legumes e verduras (empacotados e preservados) até os pratos prontos para o microondas.
O congelamento é uma preservação do produto a temperaturas abaixo de zero grau. Cresce o uso desse método em legumes, hortaliças e carnes.
O supercongelado é o produto processado pelo sistema IQF (iniciais em inglês de congelamento instantâneo e rápido), ou seja, um banho de gelo usando nitrogênio líquido, que permite congelamento extremamente rápido dos alimentos.

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