São Paulo, segunda-feira, 20 de novembro de 1995
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Acordo para Bósnia sai hoje, diz Croácia

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente da Croácia, Franjo Tudjman, viajou ontem para os EUA e disse que estava prevista para hoje a assinatura de um acordo para a ex-Iugoslávia.
Mas o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Nicholas Burns, afirmou que a existência ou não de um acordo para a região só será anunciada hoje, às 10h (13h em Brasília).
"Vai ser uma cerimônia para assinar um acordo de paz para a ex-Iugoslávia ou para anunciar que as negociações fracassaram."
Segundo o funcionário do governo americano, as negociações estariam enfrentando problemas por causa da exigência do governo bósnio, controlado pelos muçulmanos, em ter acesso a armas.
Questionado sobre se as negociações estavam dando resultado, o presidente croata respondeu: "Parece que sim. Senão eles não teriam me chamado". Segundo ele, o acordo trata não só da Bósnia, mas também da Croácia.
O secretário de Estado dos EUA, Warren Christopher, está no local das negociações, Dayton (Ohio, Meio-Oeste dos EUA), desde sexta-feira.
Desde que as negociações entre a Sérvia, a Croácia e a Bósnia começaram, no dia 1º de novembro, dois acordos já foram atingidos.
Um deles reforça a aliança entre croatas e muçulmanos, iniciada em fevereiro de 1994, e outro garante uma reintegração pacífica da Eslavônia Oriental, controlada pelos sérvios, à Croácia.
Os principais pontos de disputa são a determinação territorial, a constituição do Estado bósnio e o estatuto de Sarajevo, a capital.
Depois de Dayton, estão previstas uma conferência de paz formal em Paris, uma conferência sobre a aplicação do acordo e sobre a reconstrução da Bósnia em Londres e uma cerimônia final de assinatura da paz em Washington.
A guerra na região começou em 1991, com a desintegração da antiga Iugoslávia. O conflito na Bósnia começou em abril de 1992, quando os sérvios do país rejeitaram a independência da Bósnia sob um governo muçulmano.
Dois acordos sobre o futuro Estado da Bósnia já foram atingidos.
Um deles garante a existência de duas entidades dentro de um único Estado: a dos sérvios, responsável por 49% do território, e a dos croatas e muçulmanos, responsável por 51%. O outro determina que os sérvios terão 33% dos deputados.
Ontem, os croatas da Bósnia disseram que podem atacar o corredor sérvio no norte do país se um acordo de paz garantir que a região fique com os sérvios.
O líder dos sérvios da Bósnia, Radovan Karadzic, disse que os negociadores já concordaram em assegurar a região para eles.
Diplomatas da Bósnia na Croácia afirmaram que o presidente da federação de croatas e muçulmanos, Kresimir Zubak, renunciou porque as negociações teriam garantido essa região aos sérvios.

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