São Paulo, quarta-feira, 22 de novembro de 1995
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Três líderes sem-terra são presos em SC

SILVIA QUEVEDO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FLORIANÓPOLIS

A Polícia Militar de Santa Catarina prendeu ontem três líderes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) que atuavam na invasão da fazenda Santo Antônio, ocupada anteontem por 500 famílias, na localidade de Ameixeiras, em Passos Maia (a 700 km a oeste de Florianópolis).
Vilmar Goulart Vieira, integrante da executiva do MST, Nelson Arnol Tavares e Vilmar Antonio Varlan da Silva foram presos em flagrante, acusados de porte ilegal de arma e tentativa de invasão de terra, segundo o delegado de Ponte Serrada, Lauro Langer Jr., 38.
A prisão ocorreu por volta de 4h, quando dois caminhões que transportavam outras famílias para o acampamento foram barrados pela PM na BR 282, em Ponte Serrada, que fica a cerca de 15 km de Passos Maia.
O subcomandante do 2º Batalhão de Polícia Militar (BPM) de Chapecó, que realiza o policiamento na região, major Sérgio Valner, disse que a polícia encontrou 12 foices, duas enxadas, 12 facões, sete facas, três espingardas, três cartuchos 16 e "documentos" do MST com o roteiro da invasão.
"Eles tinham um mapa, porque não conheciam a região", disse Valner. As 63 pessoas que se dividiam nos dois caminhões, entre homens, mulheres e crianças, foram escoltadas pela PM até a cidade de Matos Costa, de onde teriam saído para ocupar a fazenda.
Vieira, Tavares e Silva estão presos na Delegacia de Polícia de Ponte Serrada e até ontem não tinham advogado, segundo o delegado Langer, que espera encaminhar hoje o flagrante à Justiça.
Juiz
O juiz Pedro Walicoski Carvalho, 33, que ontem já sabia das prisões, disse que, a partir das informações da polícia, poderia "examinar melhor" a possibilidade de haver crime de formação de quadrilha (motivo principal da decretação de prisão de líderes sem-terra do Pontal do Paranapanema, em São Paulo).
O proprietário da fazenda, Edmir Guimarães, entrou ontem na Justiça com pedido de reintegração de posse, registrou queixa na delegacia de polícia de Ponte Serrada e voltou a dizer que a fazenda, de 1.604 hectares, dos quais 700 são ocupados por mata nativa, é produtiva.
Revogação
O movimento dos sem-terra enviou ofício ao secretário estadual da Justiça, Samuel Nercolini, ao juiz Pedro Carvalho e ao governador Paulo Afonso Vieira (PMDB) pedindo a revogação das prisões.
Teresinha Rodrigues da Silva, 18, do MST, disse que os trabalhadores não tinham espingardas, só "utensílios de produção".

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