São Paulo, quarta-feira, 22 de novembro de 1995
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Nova escuta agita agora CPI dos Bingos

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Corregedoria Geral da Câmara vai investigar denúncia de que o deputado Marquinho Chedid (PSD-SP) cobrou propina com a promessa de livrar um bingo de acusações de irregularidades no relatório da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Bingos.
O presidente da Câmara, deputado Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), determinou ontem que a corregedoria requisite uma fita em poder da Polícia Civil de São Paulo com a gravação de uma conversa em que um suposto representante de Chedid pede dinheiro de um sócio do bingo Liberty.
A corregedoria, exercida por Beto Mansur (PPB-SP), é o órgão da Câmara responsável pela fiscalização do comportamento dos deputados. O bingo paulista está sendo investigado pela CPI e, segundo a presidente da comissão, Zulaiê Cobra Ribeiro (PSDB-SP), seria do bicheiro Ivo Noal.
A Polícia Civil fazia escuta telefônica das atividades de Noal há oito meses. A existência da fita foi levada ao conhecimento da deputada por um delegado da polícia na quinta-feira passada.
A presidente da CPI disse não ter ouvido o trecho da gravação em que se negocia a propina, mas, segundo ela, a promessa de "limpar" o nome do Liberty teria sido feita por um suposto representante de Chedid a um dos testas-de-ferro de Noal no bingo -Ricardo Steinfeld ou Valdomiro Garcia Júnior.
Os dois já prestaram depoimento à CPI e chegaram a ser ameaçados de ter a prisão decretada. Posteriormente, o Liberty foi alvo de uma diligência -da qual Chedid fez parte- e em que foram constatados problemas como envolvimento com prostituição.
Chedid, autor do requerimento de pedido de instalação da CPI dos Bingos, divulgou nota em que diz que não conhece Ivo Noal.
"O objetivo dessa acusação é me intimidar e desmoralizar o trabalho da CPI, que está chegando a conclusões graves de envolvimento dos bingos com tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e prostituição", disse Chedid.
Chedid recebeu solidariedade de colegas da CPI. A própria Zulaiê disse que a fita pode ter sido uma montagem e que a Polícia não está convencida de que é capaz de sustentar a denúncia contra Chedid.

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