São Paulo, quarta-feira, 22 de novembro de 1995
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BC muda minibanda do dólar; juro desaba

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Com três intervenções no mercado de câmbio, o BC (Banco Central) alterou ontem os preços máximos e mínimos para a flutuação do dólar, a chamada minibanda. Agora, o dólar passa a flutuar entre R$ 0,964 e R$ 0,969.
Foi a primeira vez que o governo alterou a minibanda este mês e, esperam os analistas, será a última. A correção entre a minibanda antiga (R$ 0,961 a R$ 0,966) e a nova foi de 0,3%.
A mudança repercutiu de imediato no mercado futuro. As cotações recuaram e o volume negociado subiu para R$ 5,29 bilhões.
Por ironia, a BM&F aumentou, ontem, o valor dos contratos de dólar (a partir de maio) e do Ibovespa (fevereiro), por causa da redução da volatilidade.
Mas, como o câmbio vai subir menos, o juro tem de cair para que se evite nova enxurrada de dólares. Essa lógica empurrou o juro para baixo também no mercado futuro. O volume negociado bateu em R$ 18,3 bilhões, contra R$ 7,8 bilhões na véspera.
No curto prazo, as taxas também despencaram. No over, a taxa média só ficou em 4,19%, contra 4,31% na véspera. O BC fez um leilão para comprar dinheiro a 4,16%, tentando balizar o juro.
A taxa caiu com o aumento da liquidez do mercado. O Tesouro pagou o funcionalismo e, segundo estima o mercado, o pagamento pelo BC de empréstimos feitos ao Nacional por outras instituições acabou injetando R$ 2 bilhões.
Nem o leilão realizado ontem de BBCs (vendidas pela taxa-over de 3,75%), que deve "enxugar" aproximadamente R$ 300 milhões, foi capaz de contrabalançar.
Há dinheiro, mas concentrado nas mãos de poucos. A reclassificação de risco do Bamerindus pode provocar novas incertezas.
Ontem, a articulação do governo para postergar a instalação da CPI ajudou a Bolsa a reagir (fechou com alta de 2,35%). A CPI, avaliam os analistas, retardaria as reformas -que são o que importa.

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