São Paulo, quarta-feira, 22 de novembro de 1995
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Microcomputador e chupeta não combinam

MARINA MORAIS
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE NOVA YORK

Entre as mães norte-americanas, os papos de porta de escola, hoje em dia, acabam, inevitavelmente, no computador.
Seja para checar o status da outra, descobrir se ela frequenta a Internet e qual é o microcomputador da família ou para comparar a habilidade das crianças.
A competição na era digital não tem mais nada a ver com roupas, brinquedos ou férias na Disney.
Na hora do quem é quem na classe, as mães agora se informam discretamente sobre a potência e a atualidade do PC dos coleguinhas dos filhos.
Ainda que seja uma aquisição cara para a família, provavelmente a mais pesada depois do automóvel, há cada vez mais gente usando o dinheiro da poupança para informatizar os filhos.
Uma pesquisa realizada pela Find/SVP, uma empresa de Nova York, mostrou que atualmente cerca de 80% das pessoas que planejam comprar um computador citam a educação das crianças como razão principal.
Só para não ficar atrás dos vizinhos, muita gente acaba comprando um computador para o Júnior antes de ele aprender a segurar o lápis de cera.
E quanto mais nova a criança, mais cara vai sair a produção. Para trabalhar com software no nível de curso primário, por exemplo, o PC tem que ter placa de som, um leitor de CD rápido e um bom monitor colorido para acolher os efeitos em multimídia.
As crianças mais velhas, que normalmente passam mais tempo escrevendo, podem tirar vantagem dos programas com muito menos parafernália.
Para os maiorzinhos, além de substituto número um da televisão e dos videogames na área de lazer, o computador funciona como instrumento de informação. As enciclopédias e atlas disponíveis em CD-ROM são precisas, e a Internet oferece muito material educativo com bibliotecas supercompletas e outras atrações na Web.
Os pais ansiosos precisam ter paciência. Computador e chupeta não combinam. De acordo com especialistas, criança em idade pré-escolar deve passar longe dos teclados e monitores.
Nessa fase, o uso do micro pode interferir no desenvolvimento da criatividade e na habilidade de solucionar problemas.
Os estudiosos garantem também que a maior parte dos programas para essa faixa etária tem a estrutura muito rígida e pode inibir a imaginação. Para a criança pequena, a habilidade de comunicação verbal é mais importante do que os talentos que ela desenvolve usando o computador.
Portanto, mesmo os pais mais moderninhos terão que refrear seus ciberimpulsos e voltar a ler livros e contar histórias para a molecada, exatamente como fizeram os seus pais e os pais de seus pais.

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