São Paulo, quarta-feira, 22 de novembro de 1995
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Para especialista, acordo é ruim

VINICIUS TORRES FREIRE
DE PARIS

"Uma paz ruim e instável" é a definição de Pierre Hassner sobre o resultado da negociação sobre a guerra na Bósnia.
Hassner, 62, é diretor do Centro de Estudos e Relações Internacionais da Fundação Nacional de Ciência Política da França.
O historiador disse à Folha que o acordo é como uma "paz libanesa" -sobre ruínas.
"Há insatisfações várias, há a divisão da Bósnia, e uma parte importante da limpeza étnica é dada como irreversível".
Hassner observa também que, mesmo não tendo sido criada uma "Grande Sérvia", uma "pequena Grande Sérvia se estabeleceu".
"Não posso dizer quem ganhou, mas posso dizer que a ONU e a Europa perderam. Os EUA fizeram mais em um mês do que eles em três anos."
A intervenção americana, que teria forçado os bombardeios da Otan, foi decisiva para "colocar a guerra em baixa".
"Encorajou bósnios e croatas, que conseguiram a Krajina, e intimidou os sérvios", disse.
Para Hassner, o papel dos EUA mostra mais uma vez que a ONU não tem competência para "controlar conflitos abertos" e que ela tem de delegar o papel a alguma potência ou a um conjunto delas.

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