São Paulo, quarta-feira, 22 de novembro de 1995 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Acordo é maior vitória externa de Clinton
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
Durante a campanha eleitoral de 1992, o então presidente, George Bush, gostava de ridicularizar a falta de experiência de Bill Clinton, seu principal oponente, em assuntos externos. "Tudo o que ele (Clinton) conhece de relações exteriores foi o que aprendeu na Casa Internacional das Panquecas" (uma rede de restaurantes nos EUA): esta era a piada preferida de Bush, e particularmente cruel por causa da obsessão de Clinton com seu peso. Nos primeiros meses de seu governo, a indefinição e os erros foram as marcas de sua atuação fora dos Estados Unidos. O pequeno desastre na Somália, a falta de iniciativa na Bósnia e a incapacidade de lidar com os ditadores do Haiti eram citados como exemplos de sua incompetência. O acordo de paz entre Israel e Organização para a Libertação da Palestina, com o qual os EUA tiveram muito pouco a ver, mas que foi assinado em Washington, começou a mudar essa imagem. A crise do Haiti acabou sendo resolvida, embora em grande parte devido ao trabalho do ex-presidente norte-americano Jimmy Carter, não ao de Clinton. Depois, Jordânia e Israel celebraram a paz e o problema dos refugiados cubanos se resolveu sem incidentes. Clinton parece ter começado a tomar gosto pelos assuntos externos, em especial depois de novembro de 1994, quando a oposição ganhou controle sobre o Congresso e começou a tornar sua administração um inferno. Ele investiu pesado na tentativa de solucionar a guerra na Bósnia, apesar da forte resistência do Congresso. A incontestável vitória de ontem vai ajudá-lo a obter apoio do Legislativo para o envio de tropas para a Bósnia. Mas, se começarem a ocorrer mortes, seus oponentes não terão dúvidas em responsabilizá-lo. Um deles, o presidente da Câmara, Newt Gingrich, já alertava ontem: "Vejo este acordo com ceticismo, mas com a mente aberta. Não estou preparado para votar 'sim', mas desencorajo os colegas a votarem 'não' automaticamente". (CELS) Texto Anterior: Para especialista, acordo é ruim Próximo Texto: REPERCUSSÃO Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |