São Paulo, sábado, 25 de novembro de 1995
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MST defende a permanência de Graziano

GEORGE ALONSO
DA REPORTAGEM LOCAL

A direção do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) defendeu ontem a manutenção de Francisco Graziano na presidência do Incra.
João Pedro Stedile, 41, um dos 15 integrantes do colegiado máximo do MST, afirmou que acha "um absurdo completo" a possibilidade de demissão de Graziano.
Segundo Stedile, a ameaça de afastamento de Graziano "demonstra o quanto estão articulados os setores conservadores do latifúndio e do governo", para manter a atual estrutura fundiária.
Embora não cite nomes, o MST está se referindo ao ministro da Agricultura, Andrade Vieira, e aos congressistas que vêem na eventual queda de Graziano a chance de barrar o avanço da política de assentamentos de reforma agrária.
No tom, o discurso do MST coincide com o de Graziano desde que seu nome foi vinculado à expressão "pai do grampo". Com uma diferença: o MST acha que, dos males, Graziano é o menor.
Para a entidade, está havendo um desvio na condução das denúncias do caso Sivam. O MST anunciou que defende a instalação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) sobre o caso.
Em nota oficial, o MST afirma que "os mecanismos de corrupção e tráfico de influência têm de ser investigados a fundo e os responsáveis têm de ser punidos".
Os dirigentes dos sem-terra acham que a questão do grampeamento telefônico está sendo supervalorizada em relação à denúncia de tráfico de influência.
Na nota, os sem-terra dizem ainda que "o problema não é o grampo para cassar corruptos, mas o grampo das cercas, das cercas do latifúndio, do poder e das elites".
Ao defender Graziano, o MST diz que os "conservadores" já estão agindo ao criar "processos fantasmas para criminalizar lideranças como José Rainha Jr" e ao tentar "impedir processos de desapropriações rápidas".
Ritmo das ocupações
Só em novembro, o MST já realizou 15 invasões em todo o país (uma ocupação a cada 36 horas).
Relatório de setembro do MST apontava a existência de 19.820 famílias acampadas. No relatório de novembro, esse número de famílias subiu para 28.455.
Além das novas invasões, esse crescimento decorre da chegada de novas famílias aos acampamentos existentes até setembro.

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sobre os sem-terra à pág. 1-8.

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