São Paulo, sábado, 25 de novembro de 1995
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Estudo critica escola técnica de SP por má administração

FERNANDO ROSSETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Um grupo de trabalho montado para avaliar o desempenho das escolas e faculdades técnicas ligadas ao Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza (Ceeteps) constatou uma quantidade tão grande de problemas que o governo está atualmente estudando uma reformulação completa dessa rede de ensino (leia abaixo).
Criado em março passado pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo, o grupo de trabalho revela, em seu relatório, casos de má administração, criação política de cursos, nepotismo, custo de aluno do 2º grau comparável ao de uma universidade, entre muitos outros problemas.
A rede de ensino tecnológico do Ceeteps reúne atualmente cem escolas de ensino de 2º grau, que atendem 80 mil estudantes, e nove faculdades. Recebeu no ano passado recursos do Estado da ordem de R$ 143 milhões (leia quadro).
"Há uma notória disparidade entre a formação dada nas escolas e a atual demanda por mão-de-obra especializada. Metade dos alunos não termina os cursos", diz o resumo do relatório do grupo de trabalho, no primeiro parágrafo.
Em uma das escolas técnicas de 2º grau, de Cabrália Paulista (365 km a noroeste de São Paulo), o governo gastou no ano passado, por aluno, R$ 4.176,30 -mais de dez vezes o custo de um aluno na rede da Secretaria da Educação.
Em média, o aluno custa R$ 1.150,82 -em torno de três vezes o da rede da Educação-, razão pela qual o ensino é, em geral, também melhor. Há, ainda, um professor para cada 12 alunos em média no 2º grau -contra 30 nas escolas estaduais normais.
Na administração central, na Luz (centro de São Paulo), estão sendo investigados pelo menos nove casos de nepotismo.
No fim do ano passado -também final do governo Fleury- foram criadas duas novas Faculdades de Tecnologia (Fatecs). Uma delas fica em Guaratinguetá (177 km a nordeste de São Paulo), onde já há um campus da Unesp (Universidade Estadual Paulista).
A criação do curso lá só se justifica como forma de angariar votos para algum político, avaliam pessoas que fizeram parte do grupo que elaborou o documento.
Até mesmo os convênios com o setor privado, vistos como a principal saída financeira para os altos custos de uma rede desse tipo, estão sob investigação.
Por exemplo: em março de 1994, foi assinado convênio do Ceeteps com a Fundação Vitae. Ele previa que o centro deveria "assegurar contrapartida de US$ 58 mil, reajustando a seu critério os desembolsos para garantir a integralidade do projeto".
Em agosto, o convênio foi reformulado e o Ceeteps acabou arcando com a reforma de seis escolas, no valor de R$ 842 mil.

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