São Paulo, sábado, 25 de novembro de 1995
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Venda deve elevar cotação da arte brasileira

MARCELO DE SOUZA
DA REPORTAGEM LOCAL

A venda de "Abaporu", de Tarsila do Amaral, deve ter efeito "psicológico" na cotação da arte brasileira. Essa é a opinião de marchands de algumas das principais galerias de São Paulo. Na prática, as obras mantêm o mesmo preço.
"O que cresce é o interesse pela arte brasileira, tanto por investidores nacionais quanto internacionais", diz Marcantônio Villaça, da Galeria Camargo Villaça. "Esse interesse pode gerar aumento nas compras, mas isto não quer dizer que os preços subam já."
A marchand Luisa Strina, dona da galeria paulistana que leva seu nome, acha que o comprador de arte é mais cuidadoso do que o investidor convencional. "Ele não vai sair correndo para comprar quadros brasileiros só por causa da venda milionária de 'Abaporu"'.
"É claro que o fato de a obra ter atingido aquele valor vai despertar a atenção de quem compra obras artísticas", diz Strina.
O investimento em arte, no entanto, ultrapassa o conceito objetivo de "valor comercial", segundo os marchands. O fator subjetivo -do gosto pessoal- é muitas vezes o que motiva a compra.
"Antes de ser um investidor, o consumidor de arte é um apreciador daquilo que compra", define o leiloeiro Aloisio Cravo, que está no mercado de leilões há dez anos.
Cravo afirma que, apesar de não ter a dinâmica da cotação da Bolsa de Valores, o mercado de arte brasileira terá reflexos positivos -mas só a médio e a longo prazo.
Já a marchand Regina Boni, da Galeria São Paulo, acredita numa valorização imediata -se não de preços, pelo menos na procura.
E dá exemplo: "Há três meses, eu estava com um quadro de Di Cavalcanti encalhado. Consegui vendê-lo, por US$ 80 mil, depois que essa história foi noticiada".
Em São Paulo, a expectativa dos marchands é em relação a dois leilões que ocorrerão na semana que vem. "Será bom para vermos como se comporta o mercado", diz Strina. (Marcelo de Souza)

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